quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Um país que sofre pelas epidemias

Por Luiz Barbará Dias Jr*.

É agosto, o injustiçado chamado “mês do desgosto”. Ainda faltam quatro meses para o encerramento do ano de 2009, mas é o momento ideal para analisar os fatos infelizes que fazem o povo brasileiro ter uma certeza: será um ano marcado pelas epidemias. Doenças que afetaram os cidadãos nas mais diversas áreas como saúde, economia, justiça e política, que prejudicaram o cotidiano de milhares de pessoas que sofrem em ver o Brasil cada vez mais em estado grave pela falta de iniciativa em procurar um antídoto por uma vida de decência e dignidade. O uso crescente do crack, acidentes aéreos, decisões judiciais de má-fé, a proliferação da gripe suína, situação econômica instável e escândalos apavorantes de corrupção na política, deveriam fazer as máscaras protetoras dos governantes caírem pela vergonha de suas falhas. Ao começar pelo crack, uma droga que faz o sacrifício de jovens, adultos, pobres, ricos, trabalhadores que perdem suas reputações, e passam a conviver em ambiente onde adolescentes acabam tornando-se ladrões e assassinos, e meninas vendem seu próprio corpo por uma pedra de destruição. Até o momento somente a mídia foi capaz trazer este assunto ao conhecimento de todos, querendo assim alguma atitude relevante dos responsáveis. As mortes em acidentes na aviação poderiam ser evitadas se existisse real preocupação com a segurança dos passageiros, mas desde 2006, só no Brasil já ocorreram mais de 500 óbitos, e as condições em muitos aeroportos continuam precárias, a fiscalização é banal e o sinal de alerta nos administradores só aparece quando mais pessoas morrem. O mesmo se deve na proliferação da gripe A, se os governos obtivessem verdadeiros planejamentos estratégicos no combate de qualquer doença que fosse, não existiria este pavor e mortes na população. As medidas tomadas são superficiais, como fechamento de estabelecimentos e o adiamento das aulas, acarretando no atraso do progresso da economia e da educação, nada mais é do que uma maquiagem da falta de condições dos hospitais públicos e de profissionais capazes.

É um país em estado de choque quando se vê o aumento do número de pedintes nas ruas, sequestros, assaltos, assassinatos, da classe média empobrecer, do preço de alimentos primordiais na mesa como a carne inflacionar, dos professores receberem salários apenas de sobrevivência, de muitos aposentados falecerem sem receber seus salários atrasados. Triste quando se vê o tribunal humilhando o diploma de jornalista, os grandes responsáveis de fazer da apuração dos fatos, denúncia para que o jornalismo seja sempre o porta- voz da realidade. Felizmente, os brasileiros ainda não contraíram a cegueira coletiva citada ficcionalmente por José Saramago em sua maior obra “Ensaio sobre a cegueira”, e que possam enxergar com veracidade para achar os verdadeiros culpados por este caos atual: governos incompetentes e uma justiça cada vez mais ineficaz, que transformou os cidadãos em reféns da impunidade e usuários do medo. O povo não pode se entregar á escuridão quando novamente é forçado assistir Collor e Sarney, as excelências da corrupção brasileira, apoiados pelo atual Presidente da República. Devem se mobilizar contra os que protegem empregos fantasmas no Senado, deputado que fala não ligar para a opinião pública, outro constrói castelo milionário, enquanto muitos miseráveis moram debaixo de pontes e não pode ficar quieto com as revelações de arrombamento dos cofres públicos do Rio Grande do Sul.

Realmente tanto os gaúchos como todos os brasileiros devem ter a tal “coragem para fazer” a desintoxicação destes maus gestores que interrompem sonhos, ideais, travando o desenvolvimento social do Brasil. Como diria Lulu Santos e Nelson Motta: “Existirá, e toda a raça então experimentará/Para todo mal/ A cura.” E a cura para o fim das epidemias que afligem nosso país está em nossas mãos, ou seja, o ainda valioso poder do voto.

* Acadêmico de Jornalismo, PUCRS, e filho do nosso amigo Promotor Barbará.