quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Na assembléia da Tritícola

Essa assembléia da Tritícola dessa sexta-feira expôs uma fissura no seio da sociedade santiaguense que precisa ser bem compreendida e analisada.

Tradicionalmente, o coronelismo local deu as cartas em muito, seja na política, seja as agremiações da sociedade civil local. Os grandes proprietários de terra em Santiago, na atualidade, perderam força e poder. Não se modermizaram, não acompanharam a evolução sócio-econômica que anda pari passu com a modernidade tecnológica e entraram em rota de colisão com a socidade civil, com a imprensa, com as forças vivas da sociedade e ardem um isolamento que só eles insistem em não ver.

Até dentro das forças da reação é notório o afastamento dessas pessoas que agem com a típica agressividade dos senhores do latifúndio, sentem-se os donos da Verdade em tudo, não admitem contrariedade, entram em rota de colisão com os teóricos locais (é só ver o que fizeram com o Rogério Anése), acham-se o centro do universo e imaginam que a sociedade deve gravitar em torno de seus umbigos.

À noite santiaguense dessa sexta-feira foi invadida por relatos sobre a assembléia geral da tritícola. Mais uma vez, as vozes do latifúndio, isoladas, foram atropeladas pela forma sólida e unitária dos pequenos e médios proprietários. Eram mais de 400 produtores rurais ligados a pequena propriedade familiar (e média) que vaiaram e disseram um sonoro NÃO as teses dos grandes proprietários que insistem em dar murros em pontas de facas.

As elites no Brasil, a grande parte delas, sejam agrárias, urbanas, industriais, comerciais ou financeiras, se modernizaram, souberam incorporar novos discursos, adotaram novas práticas, buscaram novas formas de intervenção...e nem por isso deixaram de ser elite ou perderam seus capitais e rendimentos. Só que nossas elites agrárias ainda estão com um discurso da década de 60 contra a liga dos camponeses. Fechados em si mesmos, sem um debate de teses com a sociedade, apenas defendendo a ganância e o lucro cada vez maiores, constituem-se em forças decadentes.

Elites agrárias? Virgula, elites, vírgula. Qualquer médio traficante de um grande estado tem mais dinheiro que essas elites.

Sinceramente, é uma pena. Essas pessoas poderiam ser modernas, andarem juntas com a sociedade. Querem um exemplo? O Ruy Gessinger. É rico, tem dinheiro, tem quase 3 mil hectares de terra e não é reacionário, é moderno, erudito, altamente culto, vai votar na Abgail do PC do B para o senado, anda no meio da esquerda, fala como a esquerda, não vê arroubos fantasmagóricos no MST, não acredita em assombração e nem em saci-pererê. Sei lá, depois dessa surra de hoje, se eu fosse dessa elite agrária,  repensaria meu papel e minhas linhas de intervenções. Primeiro passo seria contratar uma boa assessoria comunista, um sociólogo e um jornalista de esquerda, de preferência marxista, para mudar a imagem da entidade, que é horrível, é bonita só na aparência. Mas para saberem a diferença entre aparência e essência é preciso conhecer Hegel, aquele filósofo que serviu de base para Marx. Uau, o pai do comunismo!!!