domingo, 10 de abril de 2011

Buscas

Finalmente, uma chuvinha rápida, se abateu sobre Santiago. Repentinamente, aquele calor nausente foi embora e uma brisa suave marca esse domingo noturno.

Há intantes, fui até o centro comprar rosquinhas de polvilho, pêssegos e água mineral. Não sei se é efeito da crise, mas o movimento está muito pouco, mais parece uma sexta-feira, onde a força mística empurra todos para dentro das casas movidos pelo medo do demônio.

Falando em demônio, noto a movimentação dos evangélicos em direção aos cultos de sábado à noite. É fácil indentificá-los pelas vestes. São felizes e salvos, apenas cumprem o rito terreno para depois morarem nos céus, eternamente, ao lado de Jesus, anjos e arcanjos.

Reflito como toda a edificação de arquétipos religiosos é fantástica. Ontem, antes da Lizi viajar, assistia ao Pr. Malafaia e sua família e ela fulminou aquela pergunta fatal: - por que tu tanto assiste a esses programas?

Com razão, assisto ao Malafaia, Universal, Internacional da Graça de Deus, Mundial do Bispo Santiago, judias, espíritas e as católicas. Todos tem em comum um inimigo invisível e é incrível a lógica que cerca todas as religiões. Assentam-se em bases fantasiosas, são construções abstratas, mas operam num sistema neurolingüístico eficaz. As pessoas são chamadas ao arrependimento, à sujeição a Deus e a aceitação de um conjunto de dogmas, entre os quais: o não duvidar, posto que a dúvida não provém de Deus.

Agem, exatamente, ao contrário da lei da Dialética, que nos ensina a duvidar de tudo.

É tudo muito simples, mas funciona, o aspecto comercial ganhou proporções alarmantes. Vendem de tudo, desde turismo para a Terra Santa, em companhia do apóstolo Estevan Hernandez até água santa do rio Jordão ou porção da terra onde Cristo pisou.

Quem não pode pagar uma passagem aérea tem a alternativa de comprar uma porção de terra ou a água santa. A Teologia da Prosperidade faz escola e, não raro, somos chamados em nossa atenção pelos depoimentos do empresários que apostaram tudo na fogueira santa de Israel e ficaram milionários num passe de mágica.

As religiões afros são, decididamente, coisa do demo e não existe exceção. Negro bom é negro evangélico, do contrário é coisa dos Exus. O desejo feminino é associado a presença da pomba gira e o remédio mais eficaz é expulsá-las. Mulher boa e dócil não pode sentir desejo, apenas ser boa esposa e submissa ao marido.

Um expectador mais atento, que se propõe a ficar horas na frente da TV parabólica, e, se tiver um bom senso crítico, encontra uma massa fantástica para análise. Impressiono-me como as pessoas aceitam a mentira com facilidade, basta que se jogue com suas premissas de aceitabilidade. Quem crê na cura divina, facilmente acredita no político empulhador que diz que foi curado de um câncer. E assim é tudo; malandros que falam com Deus e recebem missões divinas.

Num dado momento de minha vida, imaginei que fôssemos avançar rumos às luzes, a liberdade e as ciências. Estava enganado. O fundamentalismo religioso avança no Brasil a passos largos. É fruto da pós-modernidade e a globalização levou a Universal para o Japão, China e India a trouxe também seus cultos, mitos e ritos. E não faltam seguidores em nosso meio.

Não sei quem é Deus. Mas acho que ele virou um grande comércio, uma grande fonte de exploração e manipulação. Não entendo porque as pessoas para se aproximarem de Deus precisam ficar dentro dessa ou daquela Igreja, comungando dessa ou daquela doutrina.

Essa mercantilização explítica das religiões é o lado mais cruel da aproximação com Deus. É uma pena que esse estágio mais agudo do capitalismo tenha representado a morte da decência para as religiões. Até hoje não conheço um religioso decente. Ou usam a igreja para comerem as mulherzinhas, ou usam as igrejas para não trabalharem. Temos ainda uma legião de pedófilos e homossexuais que também usam a religião para esconderem seus eus mais profundos.
E eu que sou evangélico, ateu e marxista, um pouqinho anarquista, ainda não encontrei uma Igreja para ir nos domingos à noite. Sei lá, pode ser domingo de manhã ou a tarde. Vou continuar procurando.
 
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Como adquirir literatura anarquista

A editora Imaginário e Faísca Publicações Libertárias anunciam olançamento de 3 novos títulos que já podem ser encomendados pelo e-mail vendasfaisca@riseup.net

HISTÓRIA DO ANARQUISMO Sem autor * R$38 * 208 páginas * Imaginário/FaíscaHistória do Anarquismo apresenta ao leitor, de maneira bastante ampla, ahistória das teorias e práticas do anarquismo no mundo. Em mais de 200páginas, o livro trata dos pré-anarquistas como William Godwin e MaxStirner, de Proudhon, Bakunin, da Primeira Internacional, da Comuna deParis e do Congresso de Saint-Imier. Passa pelas experiências da Espanha,Itália, Suíça, França, EUA, pelo sindicalismo revolucionário e pela longaobra em torno da educação. Além disso, ressalta as experiênciasanarquistas no seio da Revolução Russa de 1917 e da Revolução Espanhola de1936, até o Maio de 68 francês. Fechando o livro, há um capítulo somentetratando de anarquismo no Brasil, desde seu surgimento, passando peloapogeu e terminando na crise dos 1930. História do Anarquismo possui grande quantidade de imagens e é uma ótima alternativa para professoresque querem trabalhar o tema nas escolas e também para aqueles que nãopossuem muito contato com o anarquismo e querem se aprofundar sobre oassunto. Ao contrário de outros títulos publicados no Brasil sobre o tema,este livro consegue dar um panorama geral do anarquismo, com um conteúdopreciso que entrega ao leitor uma boa idéia do que foi o anarquismo emdiversas partes do mundo, desde seu surgimento até muito recentemente.

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Leituras que eu recomendo nesse domingo

OS ENGANADORES DA POLÍTICA INTERNACIONAL: ONDE IR E O QUE FAZER?Mikhail Bakunin * R$ 18 * 96 páginas * Imaginário/FaíscaNeste livro, apresentamos três ótimos textos de Bakunin com tradução dePlínio A. Coelho, maior tradutor de Bakunin para a língua portuguesa. Há uma linha condutora dos três textos que é a crítica ao socialismo burguês que surge como uma nova classe intelectual com o objetivo de dominar opovo. Os Enganadores, de 1869, é o texto que mais critica os socialistasburgueses da Liga da Paz e da Liberdade, afirmando que ao se colocarem entre o mundo burguês e o mundo operário, os socialistas de tipo burguês,se por um lado acabam por acelerar a morte da burguesia, por outro impedem o nascimento da organização do proletariado. Um dos melhores textos deBakunin, A Política da Internacional, também de 1869, ao mesmo tempo que continua esta crítica do socialismo burguês, propõe, para a emancipação definitiva do proletariado mundial, sua organização em torno da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) que buscava reunir os oprimidos domundo todo, em torno de uma aliança de classe para combate do capitalismo. Ao defender a associação internacionalista pelas bases econômicas danecessidade, Bakunin tratou de defender como realizar a mobilização do proletariado, da importância das lutas de curto prazo e sua pedagogia, eda propaganda revolucionária. Finalmente, Aonde Ir e o que Fazer, de 1873, é um texto voltado aos russos que defende a idéia de que a ciência, como conhecimento, não é e nem pode ser o único instrumento para a libertaçãode classe. Para Bakunin, se a ciência não estiver associada a uma vontade e a uma luta pela a liberdade do trabalhador, ela não acrescentará muito à emancipação popular.

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A IDÉIA DOS SOVIET Pano Vassilev * R$ 18 * 88 páginas * Imaginário/Faísca

Neste livro, o autor búlgaro desenvolve a idéia dos sovietes, mostrando suas origens e distanciando-a daquilo que ficou conhecido no século XX como desenvolvimento da União Soviética. Para Vassilev, a origem dos sovietes é libertária e possui raízes nas experiências libertárias dos séculos XIXe XX, não possuindo nada em comum com o “sistema soviético”, concretizado de maneira autoritária e centralista, que submeu as diversas localidades da Rússia revolucionária a um poder central de Moscou. Vassilev defende que a idéia dos sovietes, ao contrário, é uma nova organização social,“livre e comunista, com a regulação da produção e da distribuição dos bens na futura sociedade por meio de encontros, reuniões de trabalho entre delegados diretos, sempre substituíveis e desprovidos de qualquer poder,das organizações profissionais e dos centros de distribuição.” Ele continua: “esta idéia nada tem em comum com o caráter próprio dosbolcheviques, sua tendência estatista e seu sistema ditatorial na regulamentação da vida social.” Vassilev trabalha a origem e o desenvolvimento histórico desta idéia dos sovietes, passa por seusurgimento, pela evolução da idéia dos conselhos na Rússia e das relações dos anarquistas russos com ela.

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Saindo em breve em co-edição Faísca/FARJ: A CONCEPÇÃO LIBERTÁRIA DA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL REVOLUCIONÁRIA Rudolf de Jong ANARQUISMO SOCIAL E ORGANIZAÇÃO

Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ)
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