domingo, 24 de janeiro de 2010

Revelações de uma crônica domingueira

As circunstâncias levam a manifestar-me sobre os recentes episódios políticos ocorridos em Santiago. Esses, envolvem a eleição no COREDE e seus desdobramentos, a candidatura Chicão a deputado estadual e as eleições gerais.

O que eu penso e como eu vejo a candidatura Chicão.


Chicão é um líder político carismático, forte, passou 8 anos na condição de prefeito de Santiago e sempre teve algumas marcas: nunca foi dado a atacar, nunca foi de revides, é uma pessoa honestíssima, tem um coração bom e procurou pautar as ações do seu governo pelo compromisso com o social, dando tudo de si pela implantação e manutenção de programas sociais que beneficiassem os segmentos mais desfavorecidos da sociedade.

Desde que saiu da prefeitura, sucedido por Júlio Ruivo, foi lançado candidato a deputado estadual pelo PP, seu partido. Nesse momento, surgia o primeiro imbróglio. Ninguém sabia se Marco Peixoto, deputado estadual, também do PP, iria mesmo para o Tribunal de Contas. Todas as construções e juízos eram em cima de hipóteses.


Finalmente, as linhas tortas da vida, levaram João Luiz Vargas a pedir aposentadoria e eis que se abre uma imprevista vaga no Tribunal de Contas. Apesar do vai-não-vai de Marco, o movimento pró-Chicão ganhou força. Centenas de carros, espontaneamente, aderem à sua candidatura, eclode um forte movimento de base e – finalmente – a indicação de Marco se consolidando, o caminho para Chicão concorrer estava aberto.

A candidatura Chicão está forte e conta com uma rede de apoio significativa. Mas pairam problemas no ar. Problemas que ninguém têm coragem de discutir de frente.

Nesses problemas, a primeira pergunta que surge é: Marco Peixoto está apoiando Chicão ou não?

Claro, Marco Peixoto faz jogos de linguagem, no que ele é expert, e diz que como conselheiro do Tribunal de Contas não pode se manifestar sobre política. Mas, nos bastidores e junto aos seus círculos de influência, é óbvio que ele fala e articula.

Os apoios isolados a Pedro Westepalen, deputado do PP de Cruz Alta, que começam pipocar em municípios da nossa região, cito São Francisco de Assis e Manoel Viana, representam uma defecção significativa na base eleitoral de Chicão. Afinal, a tese é fazê-lo sucessor de Marco na Assembléia Legislativa e representar nossa região.

Curiosamente, essas bases que estão aderindo à candidatura de Cruz Alta, são as mesmas bases de Marco Peixoto, indício claro (embora não suscetível de se provar) que o ex-deputado e agora conselheiro lidera um movimento para implodir com a candidatura de Chição, na base e na casa do PP.

Marco Peixoto e os seus sabem que minando esses pontos estratégicos de apoios pepistas gerarão um impacto negativo na candidatura Chicão, até do ponto de vista psicológico.

Na última eleição de Marco Peixoto, em 2006, Chicão deu um raro exemplo de partidarismo. Pegou sua tropa de choque e foi às ruas, liderando, ele mesmo, longas caminhadas de apoio a Marco Peixoto e empenhou todo o seu nome e trabalho para que isso revertesse em votos ao deputado dentro de Santiago.

Chicão não insuflou nada de negativo contra Marco. Foi leal, partidário e, sobretudo, amigo e justo.

Já Marco Peixoto e os seus, de olho no controle da política santiaguense, estão fazendo de tudo para corroer pela base a candidatura Chicão. Não estão pensando em Santiago e nem num projeto regional, estão pensando é enquanto interesses de grupos.

Estava mais do que na hora de o vereador Marcos Peixoto (já que o conselheiro não pode falar) mostrar lealdade a Santiago e não a Cruz Alta, traduzindo em palavras e gestos o apoio necessário à candidatura Chicão.

Esses focos de apoio a Pedro Westephalen, de Cruz Alta, que estão surgindo em São Francisco e Manoel Viana até dá para entender, afinal ... Agora, dentro de nossa cidade, dentro do PP local, uma trairagem dessa dimensão é algo inconcebível e até então inédito para os padrões de Santiago, onde a honra política sempre falou mais alto que interesses mesquinhos e escusos.

De qualquer forma, o que está criado em Santiago é um nó górdio. Primeiro, ninguém tem coragem de falar. Segundo, faltam reflexões, afinal se tomar corpo esse avanço de Pedro Westephalen na região e em Santiago, não tem como negar que isso irá prejudicar a candidatura Chicão e os planos de setores do PP local.

Agora, outra pergunta:

Com que interesses estão implodindo a candidatura Chicão?

Não adianta mascarar o debate. Isso só quem faz é a imprensa que recebe para não noticiar nada.

Primeiro, existe um debate aberto pelo controle político do município. Ao grupo dos Peixotos opõem-se o grupo de Chicão. É um conflito interna corporis dentro do PP.

Como raciocinam os Peixotos?

Se Chicão se elege deputado estadual, ta criado um problemão. Por quê? Júlio Ruivo vai à sucessão em 2012 e todo o problema está em 2016. Quem sucederá Júlio Ruivo na convenção do PP em 2016? Chicão ou Marco Peixoto?

É claro que se Chicão for deputado estadual e com a fama de excelente performance para prefeito, já demonstrada em 2000 e 2004, se torna potencial candidato a prefeito novamente e, mesmo que não deseje concorrer, será o líder mais forte para, inclusive, indicar e bancar um nome.

Fica evidente que para os raciocínios dos Peixotos e a construção do futuro de seu grupo político é imprescindível matar Chicão na base. Se conseguirem implodir com a candidatura, impedindo a vitória de Chicão, esse se fragiliza, tanto em 2012 quanto em 2016. Isso é cristalino.


Aliás, a hipótese de não eleição de Chicão agora em 2010, pode trazer um grande confronto dentro do PP em 2012. Sem o peso de Chicão para dar sustentação a Júlio Ruivo nas articulações do diretório, é muito provável que o grupo dos Peixotos antecipe o plano de 2016 para 2012 e tente intervir já na sucessão de 2012. Como? Tanto faz, seja na cabeça, seja pavimentando as bases com um vice. Agora, indiferente é que eles não vão ficar. Bobo é quem não vê que eles têm um plano estratégico para o controle total do município.

Eu sou amigo e defensor do nome de Chicão. E o defendo por várias razões. Vejo a honestidade de sua vida pessoal, vejo bondade em seu caráter, vejo solidariedade em sua alma e compreendo que ele, inteligente como é, poderia muito bem representar nossa região e liderar investimentos e pleitos locais. Entretanto, não concordo politicamente em muitas coisas com Chicão. Por exemplo, quando da recepção da Stora Enso em Santiago, batemos de frente, mas nem por isso deixamos de ser amigos. Outra coisa que eu achei errado vindo da parte de Chicão e do PP foi essa articulação para impedir mais um mandato de Diniz Cogo a frente do COREDE. Diniz era um artífice da construção de uma candidatura de consenso dentro de Santiago para a Assembléia Legislativa. Diniz não se oporia ao nome de Chicão, mesmo a despeito de estarem em partidos diferentes. Diniz levaria em conta a sucessão estadual e os interesses de Santiago e da região, afinal ele também tinha interesses estratégicos com o COREDE.

Por outro lado, se a própria oposição comprasse a tese do consenso dentro de Santiago, grande – enormemente grande – seria o constrangimento dos peixotos em apoiar um outro nome.

Agora, afora a defecção já notória que Chicão enfrenta pela oposição dos peixotos, a construção do discurso de “consenso por Santiago” fica distante e tudo teve como pivô a eleição no COREDE.

Diniz Cogo é uma grande figura humana, um líder aberto, fraterno, mas nem por isso, menos espoleta. É próprio do seu estilo, a explosão. Aliás, ontem, conversando comigo e com Luciano Vieira afirmou que o nome a Prefeito do PMDB não tem necessariamente que ser ele. Disse que pode ser outro nome.

O que o gesto de Diniz demonstra?

Grandeza, grandeza, grandeza e grandeza.

Retirando seu nome da briga, como Presidente do Partido, Diniz vai, agora, agregar muito mais e consolidar ainda mais sua liderança.

Alias, uma pausa. Estou tornando público um pedido a esses dois amigos meus, Diniz e Chicão, no sentido de que conversem e promovam o diálogo entre si pelo bem de Santiago e da nossa política.

Agora, finalizando, vou comer um sorvete de leite condensado lá no calçadão, eu a Lizi e o nosso bebê, que já está ouvindo vozes e ruídos...tomara que não ouça esses ruídos na comunicação política de nossa cidade e do COREDE.