segunda-feira, 12 de abril de 2010

As falácias das construções discursivas, dos forasteiros aos sem-ética e a Ética local


Existe uma discussão colocada na sociedade santiaguense, distorcida, sobre a presença de “forasteiros” em nosso meio; isto posto, existem construções discursivas de todos os lados, oportunistas e safados constroem jogos de linguagem com muita facilidade, distorcendo o assunto e não revelando suas verdadeiras intenções. Afloram-se os sofismas e os paralogismos.

Em 1996, quando o ex-prefeito Vulmar Leite usou essa expressão “forasteiros” para atacar o Jornal Expresso Ilustrado, em especial João Lemes e Sandra Siqueira (e família), coube a mim a produção de um longo texto crítico defendendo os jornalistas, mostrando que em nosso meio não poderia prosperar tais discriminações e – ademais – mostrei naquela ocasião que o próprio prefeito de então era um meteco, um forasteiro, o que contradizia seu próprio discurso, tornando-o sem sentido.

Santiago sempre foi uma cidade extremamente fraterna, aqui se cultuam laços de amizades profundos e todas as pessoas são bem recebidas, de um modo em geral. Diria até que paira uma docilidade e um certo culto exagerado no sentido de valorizar quem vem de fora. Mas isso é bom, somos avessos a qualquer processo xenofóbico e os exemplos da comunidade estão aí, havendo um perfeito entrosamento entre todos os habitantes da polis, independente da origem da pessoa, independente de onde ela vem.

Mas – como tudo é escamoteado – poucos sabem dizer ou identificar de onde surgiu esse debate, nesse momento, em nosso meio. Fora disso, ninguém estaria debatendo preconceitos, levantando aspectos xenofóbicos ou fazendo construções discursivas que escondem seus verdadeiros escopos.

A questão é política, apenas isso.

Talvez pela bondade e ausência de malícia que existe no PP de Santiago, as pessoas não sabem expressar suas contrariedades de forma explícita. Ou se sabem, não o fazem pela profunda educação e lhaneza que lhes é peculiar. Por outro, existe em pessoas como Chicão, Valdir Pinto, Otávio Pinto, Júlio Ruivo, Ademar Canterle, Marco Peixoto, Toninho ... uma ética muito profunda, muito séria, muito grande, que os torna incapazes de externar um sentimento contrariado ou que eles pensem que vai gerar mágoas. Na verdade, são pessoas profundamente polidas, finas, sensatas. Embora eles tenham um padrão ético, mal entendem que outras pessoas, dentro do mesmo PP, (apoiadas por atravessadores e manipuladores que querem destruir a harmonia que existe em Santiago) não cultuam os mesmos valores e os mesmos padrões de ética e conduta partidária.

Outro dia, sentei-me, perto das 10 horas da manhã, com o ex-prefeito Chicão e ficamos conversando até quase 1 hora da tarde. Fiquei impressionado com a pureza do Chicão ao me dizer que não pretendia ir em São Borja, ao longo dessa campanha eleitoral, em respeito a decisão do PP local que lançou a candidatura de RANGEL, candidato a deputado estadual tanto quanto ele.

Aí eu pergunto para os leitores do blog e a todos que vão ler esse texto: o que leva Chicão a tomar essa decisão? O PP não é dono de São Borja, Rangel é um candidato sabidamente fraco e que não tem as mínimas chances, Rangel não é dono de São Borja, ninguém pode impedir Chicão de entrar e sair lá na cidade, afinal por que ele decidiu isso?

A resposta só pode ser encontrada na ÉTICA.

Ética é única resposta que pauta o comportamento do Chicão com relação aos seus companheiros partidários. É pela questão ÉTICA – acima de tudo – que ele prefere a perder espaços do que desrespeitar a decisão dos companheiros locais.

E por agir assim com os demais, com profunda ÉTICA, que eles esperavam o mesmo comportamento de companheiros e companheiras do PP. Só que isso não acontece.

O PP de Santiago tem um trabalho, uma construção partidária, uma lógica interna, um projeto político, e tudo isso passa pela candidatura de Chicão ao parlamento estadual. Se eles estão certos ou errados é outra discussão. Mas que eles têm um projeto, uma construção partidária, uma lógica interna, isso ninguém pode negar.

E para chegar nesse estágio, eles construíram, lutaram, deram o melhor de si, apostaram, fizeram e aconteceram, inclusive, obtiveram uma consagradora vitória ao executivo e ao parlamento.

De repente, eles abrem os olhos e estão sendo engolidos por gente do mesmo partido, gente oca, vazia, grotesca, insensível, que atua no extremo do desrespeito contra o projeto local do próprio PP, gente inescrupulosa que, alheia à construção local, no afã da caçar votinhos, mistura-se entre os decentes e passa a faturar eleitoralmente, mesmo sabendo que isso pode até implicar em prejuízo aos legítimos construtores da base eleitoral local.

Esse é o verdadeiro e único viés colocado no debate e que emerge em decorrência da invasão inescrupulosa que alguns oportunistas da política estão fazendo. E mais, esses mesmos oportunistas, safados ao extremo, notando à resistência aos seus próprios oportunismos e safadezas, tentam reverter tudo, sacando o discurso anti-discriminatório, como se as vítimas fossem eles e não eles, os agressores.

Data Vênia, malandragem tem limite. O povo de Santiago e seus líderes maiores sempre foram abertos e receptivos aos que vêm de fora, aí estão Aureliano, Zeca Blau, Orides Nunes, fico apenas nesses do passado. Mas outros tantos, no presente, que também vieram de fora e que aqui vivem em perfeita harmonia, são amados e perfeitamente integradas; Arlindo Alves, vereador eleito por Santiago, Nelson Abreu, do PDT, da mesma forma. Vulmar Leite, João Lemes, Ivori Guasso, Eltom Doeler, Evaristo, Ruderson Mesquita, Aida Bochi, Clovis Brum, Sandro Palma, Eliziane Mello, Mauro Burmann...

Aliás, vejam o exemplo de Nelson Abreu, ele veio de Bagé, foi acolhido como um filho de Santiago, foi eleito vereador mais que qualquer um de Santiago e quando caiu enfermo lá estava toda a comunidade santiaguense, oposição e situação, todos irmanados, lá estavam lhe prestando solidariedade.

A sociedade santiaguense é amistosa, aberta, acolhe a todos. Apenas se resigna contra pessoas de índole destrutiva e esses, por não entenderem aspectos da própria rejeição, inventam supostas discriminações. Não que estejam preocupados com discriminações. Quem os conhece sabe que esses se preocupam apenas em aparecer, se achar melhor que os outros e acumular bens materiais. Mas, justamente, por não medirem esforços na consecução dos seus atos ambiciosos, é que se insurgem contra toda uma sociedade, acusando-a de discriminatória.

Lamento apenas por aqueles que não entendem os jogos e nem onde querem chegar às construções discursivas escondidas atrás de supostas bondades e idealismos.