domingo, 18 de abril de 2010

A história e o anonimato

No meu tempo de líder estudantil a gente não pedia reunião com o reitor, a gente invadia a reitoria, quebrava tudo e mandava a conta para a Companhia de Jesus.

Quando quiseram aumentar o preço das mensalidades, a gente botava fogo nos carnês e mandava tudo às favas.

Um dia, quiseram majorar os preços no RU. Aí fomos lá, distribuimos comida de graça, quebramos tudo e fechamos o restaurante.

Quando abriram procedimentos administrativos contra nós, não reconhecemos as comissões de sindicância e jogamos o pepino no colo da justiça federal.

Nós não fazíamos bolinhos com meia dúzia de gatos pingados. Nossas menores assembléias tinham 5 ou 6 mil alunos. Nossas assembléias eram embaladas ao som de Vitor Hugo, Vítor Ramil, Beto Hermann ...

Nós queríamos sepultar de vez com a ditadura, tínhamos um plano político para o país e a universidade não era um campo dócil para cordeirinhos explorados.

Dia 10 de agosto de 1987, eu, que era presidente do Diretório Central de Estudantes da Unisinos, então com 21.600 alunos, fui solenemente expulso ao lado de Carlos Augusto do Nascimento Moura, Luiz Antônio do Nascimento Moura (ambos sociólogos e professores), formados pelo UFRGS, Clademir Serpa Cailava e Iran Arthur Maragno Hey (o primeiro teórico em processamento de dados e o segundo engenheiro no Paraná).

Depois que eu sai da universidade, o PT conseguiu mandar do DCE.

O processo na justiça federal, para quem quiser ver e/ou duvidar do que conto, está no site da própria Justiça Federal, é só botar meu nome completo que aparece tudo.
http://www.jfrs.gov.br/ Mandado de segurança
MANDADO DE SEGURANÇA Nº 87.00.01005-7 (RS)

Enquanto a Reitoria contratou 2 dos mais caros advogados do Estado, Ney da Gama Ahrends e Hermann Homem de Carvalho Roenick, nós fomos defendidos pelo penalista e conselheiro federal da OAB Oliosi da Silveira, que à época era o coordenador jurídico da bancada do PMDB na Assembléia Legislativa.

Esse processo foi irônico. Teve liminar, liminar caçada, vai e volta e levou quase 5 anos para a Justiça Federal se declarar incompetente para julgar um MS. Parece piada, mas ao final desse período, concluíram a competência era da justiça estadual, e o processo foi mandado ao FORUM DE SÃO LEOPOLDO, onde repousa até hoje.

Em 1987, a direção do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, por seus dirigentes estaduais, José Roberto Silva e Antônio Losada, indicaram meu nome para secretário-geral da União Estadual de Estudantes, UEE. Declinei do convite e indiquei o jovem Juliano Corbelinni, que escrevia na Revista Ponto de Vista junto comigo. Ele foi muito bom, chegou a presidência da UNE. Hoje é meio cientista político lá pela ULBRA.

Pessoas como os Deputado Ronaldo Zulke, Edson Portilho, Miguel Rosseto (que foi vice governador com o Olívio), foram forjados nesse movimento. O Vanderlã ali de Esteio, onde foi prefeito, o Bordinhon que era do curso de História e hoje também é deputado estadual, o Postal, secretário dos transportes do Rigotto, era do Direito...

Nessa época, a maçonaria me amava.

AGORA VEJAM EXCERTOS DE UM E-MAIL ANÔNIMO QUE RECEBI NA NOITE PASSADA:

"tu é um jornalistazinho medíocre que passou a vida lambendo nas elites, sempre protegidos dos ricos...fora de Santiago, em Santa Maria tu não seria nem garçom (...) o que que tu sabe de movimento estudantil para ficar julgando (...)"