Santiago precisava fazer uma discussão sincera, séria e madura sobre o papel de sua imprensa, onde queremos chegar, nossos rumos, integração...
Primeiro, não adianta sermos cínicos, pois em qualquer lugar do Brasil e do mundo a imprensa vive dos seus patrocinadores, vive de quem paga. Isso ocorre com Zero Hora, com Correio do Povo, com a Veja, Época, em suma, com qualquer revista, qualquer jornal, qualquer rádio, qualquer TV, qualquer site, qualquer blog...
Eu tenho sido uma voz solitária em Santiago no sentido de denunciar o absurdo nível a que chegou o nosso financiamento pelo setor público. Preços defasados, aliás, os mesmos preços praticados em 2004. Outro dia, uma pessoa que eu gosto muito, o Ruderson, me dizia que o homem não deve roubar, mas que deve cobrar bem pelo seu serviço.
Sábias palavras.
Pessoalmente, sou contra viver de fachada, aparentar o que eu não sou e - também - não escondo nada de minha vida pessoal, síntese de erros, acertos, buscas, sei lá, um pouco de cada influência. E justamente por ter esse entendimento diante da vida é que identifiquei o absurdo que estava virando a nossa imprensa...e não estou falando na ausência de espírito corporativo...estou falando em patrocínios comuns que interessam a todos, genericamente. Se a sociedade não consegue pagar jornalistas qualificados, profissionais com boa formação, a própria sociedade vai se alimentar na merda de produções ridículas.
Estou levantando esse assunto porque fui invadido - em meus e-mails - com uma nova onda denuncista. Agora, órgãos de imprensa locais com contas bloqueadas, ordens judicais para o poder público proceder eventuais depósitos em juízos, via conta judicial. Patético que eu aqui querendo reorganizar a bagunça de minha vida, falida, ainda encontre tempo para me preocupar com outros...posto que a intenção é que eu denuncie colegas em dificuldades financeiras. Jamais farei isso e é perda de tempo o envio de tais e-mails. Apenas interessa-me o exemplo para ampliar o debate sobre o caos que nos atingiu em defasagens de custeios.
A situação só não é mais periclitante porque a fachada não deixa vir à tona a realidade. Nada mais errado que mascarar esse debate. A situação vai continuar de mal a pior se atitudes coletivas não forem tomadas de forma séria e dura. Afinal, não é feio querer ganhar bem e valorizar o nosso produto: a escrita e a comunicação com a socidade.