sexta-feira, 2 de julho de 2010

As consequências da derrota em nosso dia-a-dia!!! A aparência fenomenológica e a subjetividade

O futebol tem uma fantástica dimensão histórica e sociocultural enquanto esporte das grandes multidões. Subjetivamente, enceta profundas relações psicológicas que contagiam a todos, positivamente ou negativamente. O aspecto psicológico da vitória é visível na alegria e na satisfação dos demais atos da vida. Diante da vitória, tudo fica minimizado, desde a miséria até o enfrentamento das dificuldades. Diante da derrota, tudo fica maximizado e todos os problemas da vida se tornam maiores, mais complexos e mais difíceis de serem superados.

Essa derrota do Brasil para a Holanda terá uma simbologia muito forte na nação inteira. Tudo ficará mais difícil, os problemas se tornarão mais espinhosos, as dores se tornarão mais doídas e haverá - sim - manipulação decorrente do resultado. A principal manipulação será a política. Lula e Dilma seriam os grandes beneficiários da vitória. A derrota favorece o candidato da oposição, José Serra, que capitalizará os sentimentos negativos da nação.

Mas se no aspecto macro existe essa simbologia de captação de tendências de sentimentos, no aspecto micro das nossas vidas não é diferente, trata-se de um balde de água fria na construção de nossas alegrias diárias, desde saborear uma pipoca no micro, tomar uma coca-cola até  atos simples como passear numa praça.

O resultado da derrota é fantástico do ponto-de-vista psicológico. Não é só a humilhação direta e objetiva, essa é apenas a aparência fenomenológica. O complicado está no vir-a-ser, no outro dia, no acordar cedo, no lavar o rosto, no tomar o café da manhã, no encarar a vida e as novas realidades. Toda nossa satisfação subjetiva está comprometida e o que é pior, essa satisfação de interação está ferida e as cicatrizes vão perdurar, surtindo efeitos.

Na realidade nua e crua de nossas vidas, no bojo essencial da matéria, nem a vitória e nem a derrota mudam coisa alguma. Mas como explicar para uma sociedade a relação da carga das emoções com a maior ou menor satisfação? Essa construção de assimilação da derrota vai se dar aos poucos, em nossos nichos restritos, com a imprensa, com as salas de aula, com as igrejas, com as famílias, com o conforto das palavras e - enfim - com a assimilação e incorporação da derrota como parte essencial da vida. Mas isso, a partir de agora, a partir desse 2 x 1, levará algum tempo. Os reflexos do pessimismo afetarão negócios e investimentos, retraindo os impulsos positivos das apostas de riscos e incertas, das mais simples as mais complexas.

Não mintamos, pois. Estamos todos tristes e nosso sofrimento é coletivo. A vida será mais amarga daqui para a frente e a realidade de tudo mais cruel. Agora, partamos - pois - em busca da superação e da construção de novas válvulas subjetivas de escapes coletivos. Precisamos de ilusão e fantasia.