segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sobre o parlamento municipal

Outro dia, o Vereador Marcos Peixoto perguntou-me sobre quais os critérios poderiam balizar os juízos de um jornalista para atribuir notas ao desempenho de um parlamentar.

Confesso que a pergunta do jovem vereador não é fácil de ser respondida. Primeiro, empiricamente, cada um pode dar as notas que bem entender e assim o fez, livremente, o jornalista Márcio Brasil. Quando a pessoa se pauta por critérios pessoais, seus juízos são livres e tudo decorre do livre arbítrio da pessoa. Aí pesam sempre os juízos pessoais, simpatias e até os juízos que a pessoa que está emitindo a nota mormente afetos a simpatia, antipatia, amores, ciúmes, invejas, juízos altos, juízos baixos, pequenos e grandes valores, enfim, tudo isso que pauta a condição humana.

Louvo a coragem do Márcio, pessoalmente não chegaria a tanto, até porque tenho medo de fazer uma extrema injustiça com um dos senhores (e senhora) vereadores e também porque sei muito bem o que pesa – cientificamente – numa pesquisa dessa natureza. Eu sou oriundo de uma Faculdade de Sociologia cujo currículo era assentado em Pesquisas e também enfrentávamos as disciplinas de Estatística, um verdadeiro terror para os estudantes de ciências sociais e humanas. Mas, afinal, precisávamos dominar tudo sobre universo pesquisado, amostras, desvio padrão, coeficiente de variabilidade, margem de erro...esses assuntos, enfim.

Na longa explicação que dei ao vereador, por telefone, ponderei que uma pesquisa séria, científica, precisa antes de qualquer coisa delimitar uma série de quesitos. Entre eles, citaria a assiduidade, apresentação de projetos, linha de reivindicações, participação e integração junto à sociedade, relação com o executivo, capacidade de expressão, influência junto aos colegas vereadores, captação de recursos, articulação municipal, articulação estadual, fidelidade partidária, entre outros.

O dia em que estiverem delimitados esses quesitos como balizadores de uma pesquisa sobre a atividade parlamentar, aí sim, auscultados os munícipes, numa estratificação correta que contemple todas as classes sociais, poderemos ter uma pesquisa próxima da realidade.

Aliás, asseguro que é muito difícil fazer uma pesquisa dessa natureza, até porque delimitar os quesitos é fácil, mas encontrar as amostras certas seria uma dificuldade fantástica. Raros são os Institutos, aliás, que ousam fazer pesquisas na proporcional, tal o grau de dificuldade. Aliás, são bem conhecidas da sociedade local os erros grassos das pesquisas feitas por jornais, seja na majoritária, seja na proporcional.

Agora, individualmente, como o grande jornalista Márcio Brasil fez, dar notas individuais aos vereadores, tudo cai para um relativismo muito grande e os juízos que pautam as emissões de notas na cabeça do jornalista não são universais, são relativos e variam de pessoa para pessoa. Eu tenho uns, a Eliziane outros, o Leonardo outros e assim cada pessoa os seus. Vou explicar como isso se processa: em 2009, de janeiro a dezembro de 2009, eu daria nota 10.0 (dez) de olhos fechados a um vereador local, ali eu era convencido que ele era o melhor vereador de Santiago, disparado o melhor. Hoje, decorridos 2 anos, teria muito dificuldades de dar um 4 (quatro) ao mesmo vereador que em 2009 eu daria nota 10.0, tal é o relativismo do peso da análise individual.

Uma pesquisa não se prende a aspectos pessoais e de simpatias individuais. Leva em conta um conjunto de quesitos que são imprescindíveis para analisar qualquer atuação parlamentar. Por exemplo, um orador apenas bom de tribuna, bom orador, deve ser analisado apenas pela boa expressão verbal? É claro que não, ele é um conjunto e nesse conjunto a expressão verbal é apenas um item dos quesitos analíticos.

Exemplificando: Eu acho que o vereador Diniz Cogo exerce uma grande influência justo aos seus pares da Casa, exemplo disso foi a moção que passou contra o exame de ordem, um assunto que - a rigor – não tem nada a ver o poder legislativo (tem a ver com o vereador) mas mesmo assim ele levou seus colegas a adotarem uma posição que é sua posição pessoal. Sem entrar no mérito, isso é outro debate, mas o exemplo revela bem que Diniz tem grande capacidade de persuasão entre seus colegas. Esse é outro ponto dos quesitos que devem pautar juízos e análises. Diniz é muito influente e um grande vendedor de idéias.

A grande exceção à experiência, convenhamos, é o Marcos, que precisa de uma análise diferenciada por ser novo, por ser um estreante. O Marcos Peixoto, a quem eu apostava que teria uma atividade desastrada, nada disso se verificou, pelo contrário, revelou-se um vereador extremamente atencioso com as pessoas, altamente articulado, virou e mexeu e injetou dinheiro concretamente na administração municipal, não cria problemas para o PP, é leal partidariamente, não é dado a aparecer, faz um trabalho quieto, não agride ninguém, é educado, polido, para mim ele é um baita vereador, ainda mais se formos considerar que é um menino e recém está dando os primeiros passos e como ele – a exemplo de qualquer outro vereador – é um somatório de quesitos – teria que ser analisado pelo todo e não por aspectos individuais e simpatias e antipatias ou deixar preponderar na análise um quesito sobre os demais.

E a Mara, nossa representante feminina é outra diferenciada, até por ser mulher no meio de machos e, ademais, estreante como Marcos. O que dizer da Mara, que levou para o parlamento a experiencia de professora? Eficiente, dedicada, partidária, educada, uma pessoa fina, age com absoluto respeito com todos, sabe tratar com charme e educação a todos, nos representa muito bem e representa muito bem a mulher santiaguense. Baita vereadora, baita mulher.

Ademais, no conjunto, nossa câmara é muito boa. Não tem malandragens, ninguém rouba, tudo é administrado com muito zelo, nossos vereadores são altamente dedicados, sérios, talentosos, dão o melhor de si pelo desempenho da atividade parlamentar, embora cada qual ao seu modo, ao seu estilo. Eu me orgulho muitíssimo do parlamento municipal de Santiago. É um dos raros parlamentos decentes e puros que ainda existem nesse Brasil.