Existe em Santiago uma certa rebelião das pessoas que foram notificadas para ajustarem suas atividades profissionais às normas ambientais. De um lado, a Promotoria pública exige do Poder Público às adequações. De outro, as pessoas estão vivamente revoltadas, pois elas trabalham e, na grande maioria dos casos, não têm visão para perceberem que tais cobranças não partiram da vontade objetiva do Prefeito Júlio Ruivo. Os pessoas comuns do povo não sabem o que é Ministério Público e na cabeça deles quem manda em tudo é o prefeito e pronto.
Aliás, eu entendo bem a posição do Prefeito, entendo bem a posição do MP e entendo bem a posição das pessoas foram e/ou estão sendo notificadas.
Ao optar pela escolha do licenciamento ambiental no plano municipal sabia-se o que vinha.
As exigências da Promotoria em cima do Executivo são severas e a alternativa que resta ao município é a cobrança e as notificações para que todos se ajustem.
Só que ninguém está olhando para o lado das pessoas que trabalham e vivem honestamente de uma oficina, de uma lavagem de carros, de uma pequena gráfica, de uma pequena serralheria ... Por mais que essas atividades possam - eventualmente - gerar algum dano ambiental, ninguém me tira da cabeça que muito maior que o dano ambiental, é o dano social da repercussão que isso tudo vai gerar. Serão centenas de pessoas que ficarão desempregadas dentro de Santiago ou que terão que buscar outro ramo de atividade. Por outro lado, não há como negar que Promotoria Pública está certa ao tentar fazer cumprir a lei, embora o aperto tenho endereço certo e estejam passando a mão na cabeça de um monte de coisa ruim e se é para fazer valer a lei, que então seja para todos, sem exceção.
Como tudo tem muitos lados, tem muita gente ganhando dinheiro com venda de projetos de licenciamentos em cima dos pobres miseráveis. Aliás, eu não vejo nada de errado se o Executivo firmasse um TAC com o MP e o próprio executivo bancasse esses projetos ambientais, gratuitamente, pois as pessoas até querem se adequar, mas não têm como pagarem tais projetos.
E o que não pode acontecer (e acho que isso não acontece) são os escalões inferiores do executivo ficarem carreando, via indicações e/ou sugestões, tais serviços para empresas privadas ou mesmo parecer, aos olhos dos notificados, que tudo está girando em torno de uma indústria de venda de projetos ambientais.
Eu tenho dito que o Prefeito Júlio Ruivo é um exemplo de integridade e pegou uma baita batata-quente. Assim como a questão ambiental, também sobrou-lhe a questão do remapeamento de imóveis urbanos. Mas é bom que tudo isso esteja acontecendo. O papel do Promotor é antipático, mas necessário, e sem que ninguém perceba, estamos vivendo uma baita agitação nos bastidores e mais uma vez emerge o debate necessário entre o legal, o ambiental e o social.