domingo, 15 de agosto de 2010

O SOFISTA E OS PÉS DA GALINHA

Sofisma é um raciocínio falso com aparência de lógico. O sofista diz assim: a galinha tem dois pés. O homem tem dois pés, logo, o homem é uma galinha. A conclusão do sofista é sempre absurda. O argumento sofista aqui em Santiago faz escola, principalmente dentro da política local.

Imaginem, então, um sofista que acha que tem o monopólio da verdade, que só ele sabe das coisas, que foi ele quem inventou os pressupostos da razão política local e que só o que ele diz ou produz é que é verdadeiro?

Diria até que temos que pensar numa nova figura: o sofista messiânico.

Já vou esclarecendo que emprego a expressão messiânico, na lingaguem da ciência política, como sinônimo daquelas condutas se acham acima das outras, iluminados, que se acham intocáveis e últimos guardiães da ética (embora suas condutas não resistam a meia hora de debate).

Portanto, Pastor Cláudio, meu amigo e grande Vereador,  não me refiro a Parashá relacionada com a Torah nessa breve escrita. A ciência política e o jornalismo político usam o termo "messiânico" quando estão se referindo àqueles que acham que só eles sabem das coisas, que só eles sabem o que é certo e o que é errado, que eles têm o monopólio de todas as verdades produzidas na sociedade, e mais: eles não aceitam divergências e nem serem contrariados. Divergiu, tornou-se seu inimigo.

Eu sou um homem convencido de que todos os fatos sociais, políticos, religiosos, filosóficos...são relativos, dependem da ocasião, da época, dos juízos dominantes, dos contra-juízos. Minha grande oposição às religiões reside justamente na crítica que faço ao dogmatismo. Outro dia, dizia justamente isso para uma Pastora, pessoa querida e amiga, mas que, certamente, nem de longe captou a extensão de minhas palavras; e dizia a ela que enquanto os islâmicos acharem a verdade absoluta é o islamismo e enquanto cristãos acharem que a verdade absoluta é o cristianismo, (e nem estou falando em outros núcleos religiosos) o mundo seguirá dividido em guerra, falando em amor e em Deus...porém, matando-se uns aos outros.

A bíblia, aos olhos de quem a segue, é uma verdade absoluta. O alcorão, para quem o segue, é uma verdade absoluta. Tem gente que acha que o arqueômetro de Saint Yves D'Alveydre é a verdade de tudo. Não é diferente o modo de pensar dos induístas, dos xintoítas ...

Eu tenho o alcorão em casa, tenho 5 versões bíblicas, mas olho o mundo sob a égide da população mundial, afinal a previsão da ONU é que em outubro desse ano tenhamos 7 bilhões de habitantes nesse planeta terra. Diante dessa divisão cruel, preferi criar uma psicogenia religiosa própria, com um pouquinho de neo-panteísmo, um pouquinho de ateísmo, um pouquinho de deísmo, mas bota decisão difícil, especialmente quando as duas maiores religiões monoteístas dividem o mundo em em influência e em número de habitantes em nosso planeta.

Outro dia, ouvindo o Senhor Sagrillo, que muitos consideram um coronel, fiquei profundamente sensibilizado com suas palavras; me dizia ele: quem lê e estuda sofre mais que nós. Sábias palavras e ele, que se dirigia a mim, sintetizava, numa linguagem simples e com uma sabedoria incrível, o drama terrível que é a compreensão da existência, o sentido da vida e a lógica da nossa civilização.

Na vida em sociedade, temos convenções, leis, costumes e ritos... Temos uma concepção de progresso que aceitamos como verdadeira e única, pois fomenta o desenvolvimentismo. Mas também temos idéias que propõem o atraso e a volta secular ao arado de pau em contraposição à mecanização da agricultura. E quem nos garante o que é Verdade nisso tudo? Será que só os desenvolvimentistas têm razão? Será que só os que defendem uma volta ao passado têm razão? Como conciliar interesses tão díspares num avanço civilizatório e negar os avanços da ciência úteis a vida humana? Toda pesquisa científica e tecnológica é ruim? Toda pesquisa científica e tecnológica é boa? Existe o "bom" e o "ruim" ou tudo relativo?

As relações políticas andam muito próximas das relações humanas e nenhuma delas é absoluta. Muito jovem, imagino que entre 15 para 16 anos li o livro A origem da família, da propriedade privada e do Estado e logo a seguir li Introdução ao Marxismo, de Ernest Mandel. Nessa época, tive muitas dúvidas, especialmente sobre o quadro teórico confrontado com a realidade da época, com a vida assentada numa sociedade concorrencial. Mas foi bom compreender a origem da família, o matriarcado, a origem da propriedade privada e o próprio Estado. E com Mandel tive ali, em tenra idade, uma visão diferente até sobre os esportes, quando praticados em torno da glória e não da competição concorrencial. Talvez ali, foi um grande divisor em minha vida.

Tudo que se apresenta na minha vida, podem crer, eu procuro medir muito bem, avaliar bem, ponderar bem...quando eu emito um juízo, um parecer, com certeza, já estou convencido, mas também já medi muito bem todas as situações até a exaustão.

Via de regra, não acredito em Verdade absoluta. Procuro me convencer das coisas. Eu falei nessa postagem no vereador Cláudio Cardoso. Explico-me. Sem ele me contar, sem ele propagandear a si próprio, fui o conhecendo melhor. Descobri que ele é prestativo, que ele vai nas casas, que ele visita as pessoas, que ele distribui alimentos a quem tem fome, que ele arrecada cobertores para abrandar o frio de famílias pobres...só que ele faz isso de maneira totalmente quieta, por dever ético, cristão, imagino eu. Então, analisando, analisando, analisando, analisando, fui descobrindo o quanto o Cláudio Cardoso faz um trabalho eficiente e decente. Sei lá, eu acho que é muito válido o que ele faz. Em épocas passadas, eu censuraria a prática dele, diria que o Estado deveria resolver, enfim, vomitaria todo aquele discurso de esquerda no qual eu não acredito mais.

Com  essa postagem quis dizer que balanço bem as coisas. Não tomo uma posição de imediato, sou dado a medir bem tudo, não sou dgomático (pelo menos procuro não ser) mudo muito minhas posições, revejo posturas, consolido outras...enfim, procuro me pautar pela razão e pela análise dos fatos. E como estudei muito bem Filosofia, acredito que sei identificar a lógica argumentativa da meia-verdade e quando vejo alguém querendo dizer que uma galinha é um ser humano por que tem dois pés, aí eu passo a me posicionar. Só me posiciono quando estou convencido de um assunto, com a ressalva de que não acredito em verdades absolutas e refuto o dogmatismo.