A tarde em Santiago está com um aspecto fechado, nublado, nuvens densas e aparentemente pesadas cobrem a cidade. O chove-não-chove gera inquietações e paira um clima de incerteza. Os serristas estão perplexos e dizem que as pesquisas são manipuladas pelos comunistas. No desespero, circulam pela internet cartazes da Dilma-carabina, alusão depreciativa ao passado resistente e heróico de Dilma lutando contra a ditadura militar. A pesquisa DATAFOLHA dessa manhã funcionou com o tiro de misericórdia. Mal entendem os poderosos senhores do agronegócio como seu candidato despenca tanto.
Ademais, pelas conversas de bastidores que existem em Santiago, grassa uma conspiração de norte a sul, para eles toda a imprensa é controlada pelo PT e todos os institutos de Pesquisas visam apenas manipular com a opinião pública. Triste decrepitude quando se associa o poder do dinheiro num mesmo corpo eivado de ignorância.
É mesmo difícil para as elites arcaicas entenderem o que é investimento no social de forma séria e responsável; mal conseguem ver a realidade do ensino superior que emerge no país, mal conseguem ver a política habitacional que realmente promove a inclusão social, mal conseguem ver as linhas de investimentos nos pequenos produtores rurais; cegos, agarram-se no moralismo de um discurso udenista, saudoso discurso, eivado de contradições, pois para eles só existe o mensalão do PT, e esquecem-se do mensalão tucano mineiro, do mensalão do DEM de Brasília, e nem tocam no sumiço dos 4 milhões arrecadados - via caixa 2 - para a atual campanha de Serra (arrecadados e consumidos pelos mesmos atores). Como santiaguense, sinto-me triste com a pobreza de entendimento de nossas elites, cada dia que passa, mais boçais e estúpidas.
Durante anos, alimentei o sonho de que nossas elites pudessem ser esclarecidas, que o acesso à internet as faria lúcidas e que - afinal - com a pós-modernidade, romperiam com seus dogmas de grotões e saberiam entender as razões de uma nova sociedade, a sociedade do saber e do conhecimento, a sociedade atual, a sociedade em que estamos vivendo, a sociedade onde o ensino superior não é mais privilégio apenas das elites, onde até os pobres conseguem comprar um CD de Bethoveen ou Bach, onde a antena parabólica massificou-se, onde a internet promove o acesso e a integração com as informações, acessíveis aos moradores da Gaspar Dutra tanto quanto aos do Jardim IPE
(E a prefeitura deveria fomentar essa maior ampliação da internet grátis).
Santiago precisar se modernizar e a modernização, se não for assimilada pelas elites, nascerá de baixo para cima e aí o desastre será total, só possível de ser mensurado ao erro histórico que cometem nessa eleição, de presidente a deputado estadual.