sábado, 25 de setembro de 2010

OS PALHAÇOS-CANDIDATOS

Há dias, quando publiquei em primeira mão, aqui na região, reportagem sobre Tiririca, que faria perto de um milhão de votos, a matéria serviu para reflexão e também muita indignação. Diversos amigos meus, inclusive familiares, acham que essas candidaturas estragam e desqualificam o pleito.

Entretanto, penso que não. Os palhaços, os candidatos e candidatas exóticos (vamos assim dizer), mulher isso, mulher aquilo, cantor, apresentador...Olha, gente, existem regras constitucionais e legais quanto a elegibilidade, agora não existem regras morais, quanto ao modo de vida, costumes e profissões, nem mesmo quanto à escolaridade, e isso é bom. Agora, não podemos ser preconceituosos, querendo apenas doutores e pessoas bem apresentadas. Se o candidato pode ir para a televisão e dizer que é médico, que é advogado, que é engenheiro, por que é então que o outro não pode dizer que é palhaço, cantor ou até mesmo prostituta? Por que ninguém se preocupa quando um candidato se apresenta como bacharel em direito? E por que se preocupam quando ele se diz palhaço?

Essas são as regras de nossa democracia. Se a pessoa preencheu os requisitos constitucionais e legais, deixem ela fazer sua campanha, apresentar-se livremente como ela melhor entender.

É facilmente compreensível a indignação das pessoas que querem a moralidade da política. Assim como é perfeitamente compreensível o repúdio dos decentes que veem, nessas excrescências, uma mácula à lisura e à integridade do pleito. Mas não podemos criar regras elitistas que ferem a democracia. Eu prefiro um Congresso aberto e funcionando com o Tiririca, com a mulher-pera, com o Danrlei, com o Marcelinho carioca, a um Congresso fechado e/ou somente formado por doutores brancos de olhos azuis ou verdes.

Que o povo é idiota, isso estamos cansados de saber, embra falemos em sabedoria popular. Política é tudo igual. Os políticos falam várias linguagens embutidas numa só, aparentam uma coisa e são outra, dizem uma coisa e fazem outra. Todas as construções discursivas, independente do matiz ideológico, escondem subterfúgios, malversações e manipulações. O dia em que compreendermos isso, seremos todos mais felizes.