sábado, 29 de janeiro de 2011

Banho noturno

Fevereiro de 1992. Estávamos no Hotel Jatiúca, em Maceió, eu, o Moacir Leão, Renato Bossle e o milionário Alessandre Caburé. Estávamos a serviço da Federação Nacional dos Fazendários e passamos toda a semana em reuniões com os fazendários do nordeste.

A noite, quando saímos para jantar naqueles agitados barzinhos da orla alagoana, ficávamos encantados com uma cena rara: as elites de Maceió,  PC Farias entre eles, os Collors, os Mellos, os Cavalcântes, os Procópios ... tinham um hábito que nós julgávamos estranho e preconceituoso, eles só tomavam banho de mar à noite.

As elites brancas não gostavam de contrair um bronze. Eles me chamavam de "galego" e minha brancura era um bom passaporte para o trânsito fácil nas elites locais.

Durante muito anos ensaiei um discurso esquerdista e não me cansava de narrar sobre o banho noturno das elites nordestinas que não gostavam de sol e queriam manter a pele sempre branca.

Agora, mesmo sem querer, mas querendo, eu a Lizi frequentamos a piscina do União. O Luciano tem dificuldades em nos compreender, mas só vamos a piscina após às 21 horas; em outras palavras, só vamos na piscina à noite. Não estamos preocupados com a cor de pele, mas não queremos nos expor ao sol e precisamos proteger a Nina.

Todos as noites, quando vou à piscina, lembro-me de minha passagem naquela semana, em Maceió.

Como a vida da voltas ...