FERNANDO RODRIGUES, DE BRASÍLIA DANIELA LIMA, DE SÃO PAULO/FSP
Termina amanhã, após sete meses de negociações, a novela sobre o destino político do prefeito Gilberto Kassab. Ele lançará seu novo partido em Salvador, exibindo como principal aliado o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. Os dois solicitaram o desligamento do DEM ontem.
Kassab e Afif fecharam ontem à tarde os detalhes do estatuto da nova sigla, que se chamará PSD (Partido Social Democrático). O envolvimento de Afif com o projeto do prefeito deixou constrangidos os aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que passaram a defender a redução do espaço político do vice no governo.
O objetivo do prefeito com a nova legenda é abrir espaço para lançar sua candidatura ao governo do Estado nas eleições de 2014. O projeto incomoda Alckmin, que provavelmente será candidato à reeleição e não deseja ter Kassab como adversário.
Aliados do governador já aconselharam Alckmin a afastar Afif do cargo de secretário de Desenvolvimento do Estado, que ele acumula com a função de vice-governador. Alckmin, no entanto, tem dito que prefere evitar punições tão explícitas.
Também descontentes estão os dirigentes do DEM, partido pelo qual Kassab e Afif se elegeram. Só ontem, após fechar o formato da nova sigla, Kassab telefonou para o presidente do Democratas, senador José Agripino Maia (RN), para oficializar seu desligamento.
A nova legenda teve de ser rebatizada pelo prefeito. O nome proposto inicialmente, PDB (Partido da Democracia Brasileira), foi descartado depois que adversários transformaram a sigla em anedota, dizendo se tratar do "partido da boquinha".
NOVE ESTADOS
Salvador foi escolhida para o lançamento do partido para indicar que ele terá abrangência maior do que sugere seu berço paulista. O PSD nascerá com representação em nove Estados, nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.
Segundo aliados do prefeito, no Acre, a coordenação caberá ao senador Sérgio Petecão, hoje no PMN. Em Alagoas, Rui Palmeira, filho do ex-governador Guilherme Palmeira, estará à frente.
No Amazonas, o governador Omar Aziz (hoje no PMN) e o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), migrarão para a nova legenda.
O vice-governador da Bahia, Otto Alencar, hoje no PP, assumirá o comando do PSD no Estado. Ele espera atrair cinco deputados federais.
Em Goiás, Kassab deverá levar até quatro deputados federais para o PSD. Em Minas, o empresário Paulo Simão, amigo de Afif, trabalhará pelo partido.
Kassabistas afirmam que Indio da Costa, ex-deputado federal que concorreu à Vice-Presidência na chapa de José Serra (PSDB) no ano passado, assumiria a coordenação da legenda no Rio de Janeiro.
Hoje no DEM, Indio havia condicionado sua permanência no partido à garantia de que poderia disputar o comando da sigla com o ex-prefeito César Maia e seu filho, o deputado Rodrigo Maia.
Há ainda a expectativa de que a senadora Kátia Abreu (TO) e seu filho, o deputado Irajá Abreu, deixem o DEM e se filiem ao PSD até agosto, assumindo a estruturação da nova legenda em seu Estado.