Passando em frente ao Clube União, segunda-feira à noite, vendo-o fechado, apesar do prédio majestoso, não pude deixar de conversar com a Eliziane sobre como eram os carnavais em Santiago, numa época em que não existiam essas concepções "popular, participativo, aberto, democrático...".
Os clubes, em passado distante, talvez 2 décadas atrás, realmente promoviam um grande carnaval ... para os seus associados. As famílias de elite, que pagavam uma mensalidade cara todo o ano, tinham o direito de usufruir daqueles momentos agradáveis, com boas bandas, marchinhas...piscinas e tudo mais.
Era uma visão de elite e a concepção dos clubes era voltada para as famílias tradicionais, para as "boas famílias". Os pobres que queriam participar do carnaval naquelas épocas ficavam no outro lado da rua, na frente dos clubes, ocupando as calçadas e limitando-se a observar a movimentação das boas famílias.
Aqui em Santiago, o top do elitismo era o Clube União e o Círculo Militar. Depois, para a classe média, aparecia o Clube 7 de setembro.
Com o tempo, essa concepção de elitismo clubístico foi entrando em decadência; as próprias elites foram desagregando-se, foram surgindo estamentos médios, a informação massificou uma nova visão de sociedade, até que o próprio poder público, percebendo essa tendência, resolveu investir numa modalidade carnavalesca que contemplasse todas as classes sociais, derivando-se daí a concepção de "um carnaval popular".
É popular porque é aberto, é público, qualquer um entra e qualquer um sai, seja pobre, seja rico, seja morador da Bonatto ou do Maria Alice Gomes; a diversão é para todos, a música é para todos, o direito a participação é igualitário.
Meu querido Amigo Júlio Ruivo e sua esposa a Gisele Ribeiro perceberam a importância desse resgaste histórico de um carnaval popular e igualitário, esteviram lá, ao lado do seu povo, brincando e participando com todos, num raro exemplo de solidariedade e compreensão política.
Muitos desinformados, sem ter o alcance da real dimensão dessa importante ruptura com o elitismo, deixaram de prestigiar essa manifestação de cultura popular em nossa cidade, outros tantos boicotaram abertamente, num ato supremo de ignorância e numa postura anti-povo. Mas, enfim, prevaleceu o bom-senso, estão de PARABÉNS todos os setores da Prefeitura envolvidos, o Roger Ross, a Mônica Vargas, o Rodrigo Neres, o Éden de Paula, o pessoal do gabinete, o pessoal do apoio, a imprensa que se somou ao nosso lado, a Rádio Santiago, sempre a Rádio Santiago, grande Joniz Diniz e Paulo Pinheiro, enfim, todos que acreditaram no sonho de um carnaval de igualdade, todos, todos nós, santiaguenses de coração, estamos de Parabéns.
Venceu a solidariedade, a igualdade e todos puderam viver noites iguais, fantasias iguais, festas iguais...