quarta-feira, 20 de abril de 2011

O calvário de Marcelo Rossi, por Paulo Santana

19 de abril de 2011

Todos conhecem o padre Marcelo Rossi, o maior fenômeno do catolicismo brasileiro.

Nas suas missas das quintas-feiras, ele atrai 20 mil fiéis ao local da celebração.

Está construindo em São Paulo, com os recursos do último livro que escreveu, um templo católico com capacidade para 100 mil fiéis.

Eu fiquei entre penalizado e revoltado com a entrevista que concedeu à revista Veja.

Ele disse à revista que, por ocasião da visita do Papa ao Brasil, os clérigos da Arquidiocese de São Paulo proibiram-no de ver o Papa. No dia da visita, em que se canonizava Frei Galvão, a Igreja colocou-o a cantar somente duas músicas às 5h40min, quando no local não havia ainda o Papa e muito pouco público.

Além disso, submeteram-no à humilhação de não permitir que penetrasse no recinto onde se realizaria a celebração, impedido por um agente da polícia federal, por ordem da Arquidiocese.

Deixaram-no do lado de fora, debaixo de um frio rigoroso, esperando por horas para cantar as duas músicas designadas.

Cantou as duas músicas e foi impedido de se aproximar do Papa e pedir a bênção do Pontífice.

Uma desumanidade. E cometida sob o manto e autoridade da Igreja Católica.

Não sou eu que estou contando ou inventando, foi a queixa do padre Marcelo Rossi na Veja desta semana.

Mas tem mais crueldade e inveja contra o padre Marcelo.

Tempos depois, o Papa, em reconhecimento aos trabalhos prestados pelos evangelizadores modernos, agraciou o padre Marcelo com a comenda Van Thuân, alta distinção aos religiosos.

Então, o padre Marcelo recebeu das mãos do Papa o grande prêmio. E pôde assim ver o Papa de perto, seu grande desejo, recebendo sua bênção.

Não acreditam os leitores desta coluna o que aconteceu. Pois, agraciado com aquela láurea, sabem quantos padres brasileiros mandaram cumprimentos ao padre Marcelo?

São dezenas de milhares de padres e bispos e cardeais brasileiros.

Pois o padre Marcelo só foi cumprimentado por um religioso. Repito: um.

Nunca se viu um torneio de inveja e de dor de cotovelo igual. Uma ignomínia.
E essas omissivas ofensas foram praticadas por religiosos, por prelados, homens a quem cabe o dever da humildade e do reconhecimento àqueles que nas trincheiras da Igreja Católica conquistam multidões para esse credo.

O padre Marcelo é o mais alto expoente da Igreja Católica no exercício de contrapor-se ao avanço espantoso das igrejas evangélicas no Brasil nas últimas décadas, popularizando os sermões e cânticos do catolicismo por todo o país.

Foi assim, segundo seu próprio depoimento à Veja, que ele sofreu esse desprezo corporativista, enquanto penou durante meses por uma queda da esteira ergométrica, que o levou a dores lancinantes nas duas pernas quebradas, de forma que não podia sequer sentar os pés no chão.

Eu desconfiava já que pudesse tanta popularidade e sucesso provocar inveja no clero.

Mas não inveja assim violenta e unânime.

Vejo que esta é a sorte das coisas divinas nas mãos humanas.

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Comentário do blog:

Esse exemplo sintetiza bem o perfil dessa doença chamada inveja. Isso que aconteceu com o Padre Marcelo Rossi, acontece diariamente dentro de Santiago, em todos os cantos e em todos os lugares. Reflitam.