segunda-feira, 4 de abril de 2011

Os blogs e a construção mediológica em Santiago

As reflexões mediológicas em nossa província não conseguem avançar. Vivemos em uma nova ordem tecnocultural e ela encetou novas e profundas relações. Mesmo os não familiarizados com a blogosfera, por saberem da interação e das novas relações políticas afetas a mediatização, estão se voltando aos computadores e a internet. A velocidade estrondosa da informação não mais permite que se espere pela impressão de jornais e revistas. E era mediática, que explodiu na esteira dessa nova realidade comunicacional, gerou novas expectativas interacionais. Prefeitos e vereadores, deputados e políticos em geral, empresários, produtores, professores, liberais, funcionários públicos ... todos estão ligados nos blogs.
Ademais, a linguagem da blogosfera vem sem rodeios, é simples, direta e cativa do mais graduado ao mais singelo leitor. Os blogs, diferentemente do comportamento recatado das outras mídias, são desbocados, agressivos, vão direto no fígado.

Os blogs furam a informação, quebram monopólios e promovem uma socialização incrível da informação, apesar de reconhecermos que o acesso à internet ainda é limitado pelas condições socioeconômicas. Não sem razão, saudei a decisão do prefeito Ruivo de incentivar a instalação imediata de pólos virtuais nos bairros, gerando assim acesso grátis de internet às comunidades mais carentes do nosso município.

Essa decisão romperá a barreira que separa incluídos e excluídos digitais. É o que falta, na análise local, uma reflexão acerca do acesso a informação digital. Nem todas as classes sociais têm-na. Isso é privilégio de setores mais abastados, embora já estejamos trabalhando com dados confiáveis que de 45% a 50% da populaçção de Santiago já têm computador em casa e algum tipo de acesso a internet. Somos, hoje, a cidade gaúcha mais avançada na blogosfera, a interação sociedade & blogs.
Nossa cidade avançou rumo à aldeia comunitária digital. Precisamos pensar numa perspectiva digital, como propôs o deputado federal Paulo Pimenta, para Santa Maria, onde a cidade digital, não seria apenas o paternalismo de acesso grátis a internet para toda cidade, mas uma profunda ligação/interação, onde os indivídeos ficassem conectados com a própria administração pública, tendo acesso direto a tudo que se passa na esfera pública, desde um simples concurso, pregões, salários, receitas e despesas ... A publicidade de um concurso público, por exemplo, seria instantânea, sem aqueles anunciozinhos ridículos, com letra 8, perdidos nas páginas de publicações legais de jornais que ninguém lê.

A idéia do prefeito Ruivo de começar a romper com o déficit digital das classes mais pobres de Santiago, num primeiro momento criando centros e pólos de acesso grátis a internet nos bairros, na praça municipal, é fantástica e precisa ser amplamente apoiada pelos blogueiros e agitadores culturais. Essa é uma forma concreta que as classes despossuídas de Santigo têm, hoje, de terem acesso à informação, é através da internet, isso não resta dúvida. Muitos pobres de Santiago ainda mandam cartas e ficam nas filas dos correios por não terem e-mails. Essa é a mais triste e patética realidade. Ademais, a gama de facilidades da vida digital, desde a leitura de um jornal, ainda é proibido a tais classes e estamentos.

Romper com esse isolamento a que estão submetidas às pessoas despossuídas é condição sine qua non para rompermos com a própria miséria que nos cerca. Por que a menininha pobre lá da Bonato não pode ter seu blog, descrever o que vê, expor sua realidade e sua visão de mundo? Ela e seus amiguinhos não sabem o que se passa nas malandragens das rodas políticas e que só os blogs falam, mesmo que seja por linhas tortas ou por pseudônimos; mas se ela tiver acesso aos blogs, com certeza, saberá um pouco de tudo e os dois lados de tudo, talvez três, quatro...

Desde que o Deputado Chicão tomou posse aguardo por sua manifestação sobre a sociedade digital, ainda não ouvi sua manifestação nesse sentido. Aguardemos, pois. Sonho com uma Santiago Digital.