segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pesquisas eleitorais

Na medida em que se aproximam as eleições, surgem também os debates sobre enquetes e pesquisas eleitorais. Vou fazer algumas observações, oferecer um modelo de metodologia aos interessados.

Pesquisas prévias, a rigor, não querem dizer nada, basta lembrarmos a pesquisa CEPA-UFRGS, em 2001, um ano antes do pleito, onde Britto e Tarso apareciam com 44% e 42%, respectivamente, e Rigotto, do PMDB, aparecia como apenas 4%. O resultado todos já sabem, Rigotto venceu e Britto não alcançou 13% dos votos. Ademais, as pesquisas são profundamente marcadas por erros e estes são bem conhecidos de quem acompanha pesquisas, cito o caso Marroni x Anselmo em Pelotas, aquele fatídico erro do CPCP que colocava Britto, Vilela e Carlos Araújo na frente de Olívio Dutra e, ao escrutinar as urnas, Olívio venceu todos juntos. Temos um caso célebre, em Fortaleza, onde Maria Luíza Fontenelle, do PT, onde tanto o GALLUP quanto o IBOPE a colocavam em último lugar e ela venceu o pleito a despeito de todas as projeções erradas. Em suma, são inúmeros os casos de erros e que demonstram que o valor da pesquisa, enquanto indutor de tendência, é questionável.

O método ideal para a análise científica de auscultar uma dada população seria interrogar a todos, isto é, atingir a amostragem do chamado universo. Sendo impraticável tal sistema, recorre-se a uma técnica chamada de investigação parcial. Seleciona-se um segmento representativo do eleitorado através de amostragens casuais, que garante iguais probabilidades de escolha a todos os votantes, sendo que a sorte e o acaso indicam os que vão compor a amostragem.

A formação do grupo de controle que reflita exatamente na proporção devida das tendências de um eleitorado é tarefa técnica extremamente complicada, razão pela qual o princípio da amostragem casual deve corresponder ao sistema de amostragem estratificada tanto quanto possível. Se tal não for possível, deve-se incluir pesos de alguns fatores variáveis e esses fatores devem refletir-se na amostra, por exemplo, situação sócio-econômica, sexo, idade, escolaridade, religião, entre outros. Uma amostra típica deve compreender distribuição adequada que leve em consideração o seguinte: 1 – zona rural e urbana na mesma proporção dos dados oficiais do censo do IBGE; 2 – grupos de diversas idades; 3 – pessoas dos dois sexos; 4 – eleitores de diversos níveis econômicos, a saber, alto, médio e baixo e, em qualquer dos casos, é imperativo demonstrar a porção do eleitorado a ser inquirido o critério de proporcionalidade. Assim sendo, as amostragens de áreas e de quotas são os dois processos mais comuns.

Como fazer uma pesquisa eleitoral correta em Santiago:

200 amostras, sendo 52% de mulheres e 48% de homens. Dessas, colher entre 11% meio rural, igualmente estratificado pelo critério de sexo. A seguir dividir as amostras por idade, de 16 a 20 anos, de 21 a 25, de 26 a 33, de 34 a 50 anos, e acima de 50. Para se obter o percentual aproximado da investigação se busca proporcionalidade nos dados oficiais, por exemplo, se 56% da população tem acima de 50 anos, usa-se o percentual de 56% para balizar a proporcionalidade das amostras por idade e assim sucessivamente. Acerca da instrução, que também deverá ser estratificada em razões proporcionais, precisa-se antes balizar as amostras entre os níveis de ensino, sendo o primário, fundamental, médio, superior incompleto e completo e variância de 12% com pós-graduação em qualquer nível. Por fim, quanto ao nível econômico, procura-se balizar por níveis de renda, por exemplo, até um SM, acima de um e até dois, acima de dois e até três, acima de três e até seis e acima de seis e até dez e acima de dez. Nesses casos, o intervalo de confiança será de 90% e a margem de erro possível e admissível 3% para mais ou para menos.

As sucessivas auscultações feitas em Santiago padecem de rigor científico. Entretanto, a melhor saída quando não se dominam tais processos metodológicos, é fazer uma colheita de amostras por quantidade, ou seja, delimitar algo em torno de 1000 pessoas, dividi-las por sexo, sempre obedecendo o percentual 52% mulheres e 48% homens. Nessa hipótese, a quantidade tentará se sobrepor à qualidade, resultando daí uma tendência aceitável.

Enquetes não tem valor científico algum.