segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um olhar sobre o parlamento municipal e outras considerações

Eu estive na sessão do nosso parlamento municipal nessa tarde, aliás, no ótimo parlamento da cidade de Santiago. Que me perdoem os reprodutores de releases, mas prefiro fazer a minha análise, valorando os fatos que julgo mais relevantes.

Gosto muito do vereador Binho Gomes, sou seu amigo, parece-me uma pessoa decente, aliás, não sem razão é filho do honestíssimo vice-prefeito Toninho. Mas sempre que o ouço, fico com uma dúvida terrível e ao meu ver, aí reside o impasse de sua argumentação. Hoje, ao saudar a posse do novo presidente do Sindicato Rural (patronal) evocou uma defesa apaixonada de todos os produtores, falou que eles já foram
"mal-vistos", mas - insistiu - que é graças a eles que existe produção e abastecimento.

Como eu acho que o Vereador é uma pessoa honesta, confesso que fico diante de uma encruzilhada. Ou ele mistura alhos com bugalhos ou realmente acredita que o setor produtivo local é um só e que o sindicato rural patronal realmente representa todos os produtores locais.

Primeiro, o Vereador devia ter claro que ao se aliar com esse segmento do Sindicato Rural patronal ele está entrando na maior canoa furada de Santiago, pois esses senhores desse sindicato realmente representam a elite mais tosca de Santiago, representam o latifúndio arcaico, a exploração de mão-de-obra, uma mentalidade de arrogância, prepotência, soberba, ganância e tentativa de superioridade aos demais membros da sociedade. Ademais, representam índices de produtividades medíocres, geração reduzidíssima de emprego e acúmulo de capital fundiário nas mãos de poucas famílias.

Segundo, se o vereador, inteligente que é,  consultar os dados do IBGE verá, com facilidade infantil, que 72% da produção vem da pequena e média propriedade familiar e a média nacional é de 70% da produção oriunda de propriedades familiares. Ora, como então se atribuir a força produtiva motriz local a um sindicato desses? Talvez o Sindicato dos Trabalhadores Rurais local, esse sim, represente o mais alto índice da produtividade local, mas jamais esse sindicato rural dos patrões. E como sustento que nem todo o setor rural tem a mesma posição diante do novo código florestal, cito apenas o caso da CONTAG, cuja matéria reproduzi aqui no blog.

O problema local é que não é só o meu querido amigo Binho, aliás, meu colega de formatura no curso de Direito, que desenvolve esse raciocínio. A mim, enquanto imprensa, cabe refletir em cima das falas e analisar a genealogia das lógicas discursivas. Assim, com o devido respeito que merece o meu grato amigo, ponderaria a ele que o setor produtivo rural local não é um só, existem múltiplas representações classistas e mesmo os índices de produtividades locais rural não podem ser atribuídos a uma só representação classista e sindical.

Bem, outro discurso que me chamou muito a atenção, foi o do vereador Marco Peixoto. Crítico e auto-crítico, meteu o pau em Palocci e não poupou nem Paulo Maluf, que defendeu o ministro de Dilma. Disse: "Paulo Maluf defende Palocci, vamos fazer o quê?" Criticou nossa omissão diante das bandalheiras que invadem a nação e saiu de pau em Raul Pont, que era contra a escolha política dos conselheiros do tribunal de contas e agora - como o PT está com a mão na massa para indicar um - Raul Pont rasga seu discurso e passa ser a favor, engolindo tudo o que dizia até bem poucos dias atrás.

Agora, o vereador Arlindo, prudente, lascou essa: " trancar estrada sem o mínimo embasamento legal não é certo". Como se vê, precisa-se de embasamento legal para tal. Mas o vereador Arlindo está em fase de grande inspiração e provocou: " estive no Buriti, como é bom não ir só na hora da eleição". Os demais se doeram.

Bassin, ponderado, mas sempre tucano, pediu providências pois "o aterro da ponte de LAVAPÉS vai despencar a qualquer momento" e aí será mais caro e implicará em maiores investimentos.

Bianchini, engolido pelo incendiário discurso de Marco Peixoto, foi taxativo ao afirmar "que é difícil achar um político que não roube, infelizmente é assim", sentenciou.

E fez média com os funcionários de mercados, segundo ele, "estão sendo massacrados", agora que vão ter que trabalhar aos domingos.

Cláudio Cardoso fez grandes contrapontos, foi crítico, referiu-se a uma reunião entre o executivo e o parlamento e parece que agora entrou em sintonia. E Diniz Cogo é uma metralhadora giratória, ataques pontuais e contundentes, agora atacando caos do trânsito e das faixas amarelas. Acho que o Davi não falou.