segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Carnaval e Política

Jayme Copstein

Já que o carnaval se aproxima, volta a indagação: por que no Brasil o povo se interessa tanto pelo carnaval e tão pouco pela política?

A razão salta aos olhos tanto no texto dos livros de história como no noticiário dos jornais. Enquanto o Carnaval é o mesmo desde o século 19, quando o Brasil deixou de ser colônia e adquiriu o status de vice-reinado, as instituições políticas mudaram inúmeras vezes.

Em resumo: apesar da informalidade, o Carnaval é algo muito sério, enquanto a política apesar do seus formalismos e dos discursos patriótico, não passa de desvairada orgia.

Algumas poucas comparações demonstram a diferença. O Carnaval é um delírio de três dias, com a mucama se transformando em rainha e o assaltante da esquina se travestindo de cowboy do faroeste.

Na política, o ano inteiro os gatunos e os assassinos se fantasiam de gente honesta e de salvadores da pátria. De vez em quando, fazem sua quarta-feira de cinzas, que chamam de CPI, mas não vai além da quaresma dos holofotes. Logo, todos caem na gandaia porque a decência é pequena e a impunidade é grande neste Brasil brasileiro.

(dedico esse texto a minha genial amiga Marta Marchiori).