quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Compromisso com a verdade

Ainda não vi o novo jornal de Santiago. Mas vi no blog do meu jovem amigo Rafael Nemitez que o veículo que surge tem "compromisso com a verdade". Meus Deus, os outros devem ter compromisso com a mentira?

É claro, eu entendi o que eles quiseram dizer. Estou apenas fazendo minha parte. No fundo, estou com vontade de ver e conhecer o jornal. Só me intriga muito quando alguém fala na verdade.

Em princípio, eu acho que não existe verdade. Isso é um juízo subjetivo tão amplo que cada um constrói a sua a partir de suas ideologias e suas subjetividades. O que é verdade para uns, não pode ser para outros. Não existe uma verdade universal. Existem verdades individuais e coletivas construídas a partir de interesses, como é o caso abnegado desses jovens jornalistas que se lançam nessa árdua empreitada de tocar um jornal usado e verdadeiro num momento de crise e caos nas finanças.

É sempre oportuno lembrar que vivemos numa sociedade medíocre, onde ainda temos capangagem e coronéis que dizem o que podem ou não sair nas páginas dos jornais. Ainda bem que eles não mandam na Rádio Santiago, aliás, lá existe um padrão sério de compromisso com a fidelidade dos fatos. Devem ser os espíritos de Rubem Lang e Jaime Pinto, democratas que deixaram luzes nessa sociedade boçal e de mentalidade bovina.

A grande discussão que pode emergir dessas construções teóricas sãos os porquês das formulações e concepções desses juízos, mas aí a questão resvala para a moral e a ética derivada dessa e tudo fica muito complicado. Primeiro, por que a própra ética é relativa e a moral só é uma moral dominante por um dado período e um certo tempo, dependendo da legitimidade que as forças sociais - em conflito na sociedade - lhe dão.

Eu concluo que a ética dominante hoje é da mentira. Todos os mentirosos falam em ética. Todos querem ter o monopólio da ética. A ética é o maior discurso furado, basta ver a prática de vida dos que falam em ética. No jornalismo é a mesma coisa. Cada um mente a sua versão e sua interpretação dos fatos. Ponto final. Não sejamos tolos e não nos enganemos. E lembre-se, verdade é como bunda, cada um tem a sua. Ou ..imaginem o que quiserem.