sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O momento exige lucidez


Dentre as medidas de contenção de gastos implementadas pelo executivo municipal está, sem dúvidas, a extinção de uma secretaria. Ratifico a opinião de que é uma medida acertada, se vier a ser implementada, posto que a mesma pode muito bem funcionar como departamento dentro de uma secretaria já existente, eliminando assim o peso da remuneração de um secretário, de CCs, estagiários, despesas de aluguel, luz, água, combustíveis, manutenção e materiais de expediente ...

É claro que não é o ideal. Mas estamos em economia de guerra e, afinal, as medidas de contenção de gastos não devem atingir apenas os pequenos, sendo um exemplo dessa natureza politicamente correto e que dará para a população o devido entendimento da extensão da crise. Tenho dito e reiterado que o Prefeito Ruivo tem sido um grande estadista nesse momento difícil, talvez o mais difícil da nossa história. Ainda ontem, ouvia as palavras sensatas e equilibradas da minha amiga Eloí Martins, advogada brilhante, esposa do meu amigo Diniz Cogo, que aludia ao fato de que, passada a eleição, Ruivo é o prefeito de Santiago, o prefeito de todos nós. E é nessa condição, justamente dentro dessa linha de raciocínio, que tenho dito que a posição de Júlio Ruivo nesse momento tem sido altamente equilibrada, ponderada, marcada pelo bom senso e responsável. Júlio Ruivo mimetizou essa crise, está estampada no seu olhar, mas nunca vi ele alterado, pelo contrário, seu equílibrio tem sido decisivo.

De um lado, tem uma grandeza ímpar, para entender e não revidar aqueles ataques despropositados de quem quer faturar em cima de crise, da miséria e da desgraça. Por outro, essa sua postura olímpica tem contagiado pessoas de ponta do seu secretariado, que estão dando um verdadeiro exemplo de cidadania, não se deixando abalar, mantendo o moral elevado, usando a inteligência e a sabedoria da melhor maneira possível.

Enfim, seria mesmo numa situação como essa que aflorariam os verdadeiros dirigentes. Brigas, posturas agressivas, intolerâncias, acusações, contendas, levam a algum lugar, nesse momento? Não, é claro que não. A união dos santiaguenses é imprescindível, assim como a solidariedade, a fraternidade e a tolerância. É claro que a crise de crédito já é real, nem se fala mais nisso. Agora, a questão é a administração da inadimplência, e aqui todos os lados precisam ceder, urge que o comércio, administradores de crediários, encarnem o espírito de negociação, flexibilidade e tolerância. CORSAN e AES SUL vão precisar de um entendimento muito especial da situação, até para evitar o pior decorrente da situação calamitosa que pode ser gerada pela falta de água e luz. E a partir daí vamos empurrar as dificuldades, trabalhar com determinação e tentar superar os próximos meses com galhardia, ousadia, razão e fé.

O poder legislativo, por exemplo, em que pese o respeito à sua autonomia, não deveria investir em construções num momento em que até projetos educacionais estão sendo suspensos e professores (contratados) demitidos. A sensatez e o bom senso recomendam a devolução da parcela constitucional assegurada a câmara de vereadores ao poder executivo, mesmo que seja para uma destinação em comum acordo entre os poderes. Batistinha, do PSDB, quando presidente do poder legislativo, deixou um raro exemplo de grandeza e compromisso social.

Por fim, todos sabemos que essa crise é passageira, ele poderá até perdurar alguns meses a mais, mas ela será superada, como sempre foram superadas as grandes crises. Nossa grandeza nesse momento passa pela lucidez e pelo discernimento.