segunda-feira, 5 de abril de 2010

A política é dinâmica, anda para frente e não é mecânica. Por que Sandro Palma vai apenas embarcar numa aventura?

Eu vou me permitir discordar total e radicalmente de uma linha arguitiva de raciocínio que está se construindo em Santiago acerca do PTB e da eventual hipótese de Sérgio Zambiasi concorrer a deputado estadual.

Explica-se: sustentam os defensores dessa idéia que, concorrendo Sérgio Zambiasi, fará mais de 300 mil votos e elegerá uma bancada onde incluem-se candidatos com 10 ou 15 mil votos, especulação atribuída a Sandro Palma, posto que espera-se a repetição do fenômeno de 1990.

Bom, imaginar que o cociente que valia em 1990 repete-se 20 anos depois é imaginar que a política seja estática e os mecanismos partidários sejam meros mecanicismos.

Em 1990, quando Zambiasi concorreu e fez 320.381 votos, o PTB não tinha quadros, eram todos incipientes e todos os então candidatos, nivelados por baixo, tipo Marcelo Mincarone, que se elegeu com 7.321 votos.

Mas se o cociente era baixo para o PTB, também o era para o PT, para o PDS e para qualquer partido que ali estivesse concorrendo. Vale lembrar que, nessa eleição de 1990, o PT elegeu Flávio Koutizii com apenas 9.564 votos. E o PT nao tinha fenômenos puxadores de votos, era por que o cociente era baixo mesmo. Vale lembrar, ademais, que o próprio Marco Peixoto se elegeu pelo PDS com apenas 15.265 votos. Hoje, 20 anos depois, o cociente eleitoral, dentro do PP, saltou para mais de 40 mil votos.

E como a política é dinâmica, como não existe transposição mecânica de situações, os defensores desse absurdo raciocínio não contam que no PP, o deputado menos votado, na eleição de 1996, portanto 16 anos após, Mano Changes, fez 41.898 votos. O que isso indica? Que o cociente eleitoral sobe a cada eleição e não se mantém estático.

Se em 1990 o PT elegeu Koutizii com apenas 9 mil votos, em 2006, foram precisos 31.460 votos para eleger Vilaverde, o menos votado da bancada petista.

Ademais, quem imagina que é possível fazer a mesma leitura e a mesma transposição mecânica de uma situação de 20 anos atrás, está achando que o PTB não gerou líderes e que todos os candidatos de 2010 vão ser nivelados por baixo, como foi a situação de 1990.

Uma simples leitura dos números do pleito de 2006, constata-se que o PTB tem, atualmente, grandes lideranças, cito, por exemplo, Lara, com 68.964, quase 70 mil votos. Cito Iradir Pietroski com 54.884 votos; Kelly Moraes com 43.316 votos, Aloísio Klasmann com 40.608 votos. Só aqui, nesse breve exemplo, citei alguns deputados do PTB, todos estaduais, com votação superior a 40 mil votos. E tem uma fila de suplentes do pleito de 2006 na faixa dos 30 mil votos, tem outros tantos na faixa dos 20 mil votos e acima de 20 mil votos.

Bem, por mais que Sérgio Zambiasi concorra e por mais que faça lá seus 200 ou 300 mil votos, a bancada do PTB não vai ser maior do que já é, pode até eleger um ou dois a mais, mas vão ser eleitos aqueles que tem 70 mil votos, 60 mil votos, 50 mil votos, 40 mil votos.

Por outro lado, importante reflexão que precisa ser levada em consideração, foi a queda sucessiva de votos de Zambiasi enquanto candidato a deputado estadual. Em 1990, enquanto era a grande novidade da rádio farroupilha, fez 320.381. Quatro anos depois, no pleito de 1994, caiu para 289.025 votos, perdendo 30 mil votos em sua votação individual. E, na última vez que concorreu a deputado estadual, em 1998, despencou para 217.643 votos, perdendo significativos 103 mil votos em sua votação individual. Da mesma forma, a composição da bancada do PTB, em 1990, ficou restrita a 6 deputados, com todo o fenômeno. Em 1994, a bancada ficou em 8 deputados, e, em 1998, ficou com 7 deputados. É curioso observar, por outro enfoque, que em 2002, quando Zambiasi já não concorreu a deputado estadual, mesmo assim a bancada do PTB foi de 6 deputados, já demonstrando que o Partido independia de Zambiasi para fazer bancada e desmentindo qualquer argumento nesse sentido.


Escrevam e anotem o que estou dizendo: ninguém no PTB se elege com 10 mil votos. Isso é piada.

E mais ainda: é um erro imaginar que a eleição vai se dar entre Santiago com Sandro Palma e Zambiasi e o Estado. Isso é ignorar outros tantos representantes regionais do PTB com maior expressão que Sandro Palma, cito, por exemplo, CASSIÁ CARPES que fez 23.430 na eleição de 2006, ABÍLIO DOS SANTOS que fez 22.139, NEDY (embora fora) fez 21.752, o Scopel lá de Sapucaia do Sul que fez 20.840; o CARLINHOS VARGAS que fez 17.487.

Esse PTB de hoje, com essas novas lideranças, não é o mesmo PTB de 1990, que estava começando no Estado e não tinha lideranças regionais fortes como tem, hoje, em praticamente todo o Rio Grande do Sul.

É uma pena que Sandro Palma esteja incorrendo nesse grave erro de avaliação, vai apenas se queimar para eleição de 2012, quando teria tudo para se eleger vereador. E mais ainda: Jorge Martins, prefeito de São Vicente do Sul é candidatíssimo a deputado estadual. Está com o mesmo pensamento de Sandro, mas tem mais estrutura para uma campanha e corre sozinho na região, tendo, inclusive, mais chances que Sandro Palma.

E nem estou questionando a suposta votação de 10 mil votos que Sandro diz que faria dentro de Santiago. Se concorrendo a prefeito, no auge do embalo, mal fez 5 mil votos, numa eleição majoritária, repito. Como candidato a deputado estadual, numa eleição proporcional, com centenas de candidatos caçando votos em Santiago, sendo muito bem votado, faria entre 3 ou 4 mil votos, no máximo dos máximos.