sábado, 1 de maio de 2010

Impressões de um gaúcho no norte - parte 2


Não existem indústrias no Amapá e a circulação de dinheiro depende da presença do funcionalismo público. O comércio é bem avantajado, reforçados pelos inúmeros shoppings de quinquilharias eletrônicas. DVDs aqui custam 60 reais e fones de ouvido, com toca CDs, custam 12 reais. As roupas também são baratíssimas, mas em série, não existem lojas chiques masculinas, apenas 2 ou 3 boutiques femininas, onde as mulheres de militares perdem-se em futilidades. O calor é absurdo para os nossos padrões...e como estamos no inverno amapaense, é hilário dizer que a tarde fazia 38 graus. Com um tempo assim, com tanto calor, as pessoas pouco se importam com roupas e a camiseta quanto mais leve, melhor.

No norte, eu só conhecia Amazonas e Pará. Muito mais o estado do Amazonas, posto que no teu tempo de assessor da federação nacional dos fazendários vinha 3 ou 4 vezes ao ano na cidade de Manaus. Belém, conheci muito pouco, embora seja uma cidade lindíssima. Mas Macapá é totalmente diferente. É singular.

Conversei com um amigo sobre a possibilidade de romper com o isolamento – via terra –de Amapá. Ele me disse que é difícil...a melhor parte seria fazer uma ponte em Laranjal do Jarí, ligando o Estado ao Pará...dependeria de uns 250 km de rodovia dentro do AMAPA e uns 350 dentro Pará. O problema é a região, alagadiça e suscetível de fortes cheias. Mas enquanto não existe essa possibilidade, Amapá vive um isolamento singular. Agora, a construção da rodovia ligando MACAPÁ ao Oiapoque, com toda certeza vai ampliar esse isolamento do restante do Brasil e vai jogar tudo ainda mais no colo dos franceses e holandeses, até por que com a rodovia vem também a ponte, portos, aeroportos e um amplo comércio.

Por outro lado, é fácil observar que as autoridades brasileiras não questionam esse amplo relacionamento com a França, dando uma legitimidade incrível aos franceses.

As casas em MACAPÁ são muito feias, mal cuidadas e nada se compara com a beleza artificial de nossa região. A Nelcy Brum faria fortunas desenhando casas para a burguesia local.

Mas aqui também existe muita falta de bons advogados, especialmente na área administrativa, eleitoral e constitucional. Advogados medianos, buscam-se em Belém e os melhores, buscam-se em São Paulo. Aliás, a coordenadora do curso de direito da Universidade Federal do Amapá é gaúcha assim como a coordenadora do curso de medicina. Aqui, EADs, são raros, tem o LFG para os bacharéis em Direito, mas não existe esse explosão como a gente vê no Rio Grande do Sul.

A cidade de Macapá tem 7 rádios FMs e 2 AMs e Diniz Cogo, com seu show de bandinhas, seria deputado estadual na certa. Canais de TV são 7 e um punhado de rádios cipós, as rádios comunitárias que funcionam nas esquinas, que são 11. Rádio comunitária, com estúdios, como em Santiago, aqui nao existe. TVs são 7 canais locais.


A rede Hospitalar aqui é interessante, tem-se um Hospital do Estado e 3 grandes hospitais privados, mas que trabalham para convênios públicos...é uma forma de ganharem bem com a medicina. A rede de PSFs local é muito elogiada, são 11 ao redor da cidade e todas contam com plantão médico 24 horas. Um médico do Estado ganha em torno de 10 mil reais e não existem problemas de falta de médicos. Um técnico em enfermagem, secundarista, ganha 2 mil reais e um enfermeiro padrão em torno de 6 mil reais.

O futebol em Macapá é bem desenvolvido e 6 times locais fazem o maior sucesso; São José, Ipiranga, Oratório, TREM, Macapá, Amapá Clube. Mas os jogadores locais ganham pouco, perto dos nossos padrões de capital, dois ou três bem pagos não ganham 8 mil reais por mês.

Também, não temos nenhuma churrascaria gaúcha por aqui. E ninguém toma vinho...ninguém é um exagero, mas o vinho não tem nada a ver com esse lugar. Cerveja, sim.

As igrejas: Quadrangular, Assembléia e Universal são potências e dominam a alma do povão. A católica é muito envolvida com questões agrárias e seus bispos são mais militantes do que pastores. As elites são espíritas e gostam de um sarava. As religiões da floresta, os deimistas existem, mas são poucos. Forte mesmo, dominadora, potente, é a Universal, essa sim é poderosa. Budismo é raro, e essas manifestações orientais praticamente não existem.

Quando falei em camarão, esqueci-me de dizer que o camarão daqui é totalmente diferente do nosso, aqui é camarão de água doce.

Agora vou dormir, liguei a net e não achei a Lizi no MSN. Logo mais, às 8 horas da manhã, é o sorteio da questão sobre a qual deveremos dar a aula. A aula em si é domingo, às 8 da manhã. Se eu for aprovado, amanhã, na prova oral, já levo o certificado de aprovação comigo e passo a aguardar uma chamada, provavelmente para 2011 ou 2012.

Terça-feira retorno ao Estado, já com uma entrevista especial marcada com o reitor Bruno Mentges, sendo que irei a Erechim realizar essa matéria pra lá de especial e reveladora.

(nas fotos, o blogueiro no Marco Zero do Equador e no Rio Amazonas)