Abrindo um processo de reflexão com a sociedade santiaguense e regional, na madrugada de sexta-feira para o sábado, escrevi que discordava de boa parte das leituras da grande mídia, que viam nas manifestações de massas populares do Egito e da Tunisia, em especial, um avanço democrático aos moldes ocidentais.
Vejamos, a rigor, excertos do que disse naquela ocasião:
Pessoalmente, não acredito em abertura democrática e alinhamento com o ocidente, sendo mais plausível a radicalização à esquerda, e isso conduziria - inexoravelmente - todo esse movimento aos braços da grande revolução islãmica.
NOTÍCIAS DE HOJE - 1
TÚNIS — O líder do partido islamita tunisiano Ennahda, Rached Ghanuchi, regressou neste domingo à Tunísia, após mais de 20 anos de exílio em Londres, ...
Comentando
A volta de Rached a Tunísia, sendo ele o maior líder da oposição local, dá indicativos claros que os islâmicos marcham a passos largos para a tomada do poder e controle do novo governo Tunísio. Bem ao contrário do que os analistas apressados e afoitos propugnavam, não haverá democratização ocidentalizada e tudo se conduz para um alinhamento com a revolução islâmica.
NOTÍCIAS DE HOJE - 2
A grande manchete da Folha de São Paulo de hoje sobre o EGITO é a seguinte:
Grupo islâmico surge como alternativa de poder no Egito
Se o presidente do Egito, Hosni Mubarak, deixar de fato o poder como exigem os manifestantes que tomam as ruas desde a última terça-feira, as questões em torno do futuro do país parecem passar pela chegada dos fundamentalistas islâmicos ao poder.
Oficialmente ilegal, mas tolerado, o grupo Irmandade Muçulmana é o maior representante da oposição a Mubarak no Egito, com uma rede de milhares de seguidores.
COMENTANDO
Agora começa a cair a ficha da grande imprensa nacional e internacional. De forma burra e acrítica associaram essas rebeliões à modernidade tecnológica porque os árabes estavam se mobilizando pela internet e concluíram que o fato deles estarem usando a internet seriam conduzidos a um processo democrático aos moldes ocidentais. Isso é tomar os árabes por bobos, ignorar tradições milenares e achar que a tecnologia e seu uso em redes sociais de campos mobilizatórios é um privilégio só nosso, quanta babaquice!!!
Não somos melhor do que ninguém, mas nosso blog marcha a passos largos para se constituir uma grande fonte de reflexão alternativa em nosso Estado. O público mais seleto e mais em sintonia conosco sempre tem o privilégio de constatar outros enfoques, outras leituras e por isso suas cabeças avançam sobremaneira, criando uma cadeia interativa crítica.