quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Trevos da morte, até quando?

Não sei quantas pessoas ainda vão morrer nos trevos de Santiago, não sei quantos acidentes ainda vão acontecer, não sei quantas pessoas ainda vão ficar tortas; tudo o que sei é que esses trevos abertos representam um perigo inimente, em plena área urbana, e ninguém toma uma providência. Ontem, mais um menino foi morto; é claro, não era filho das elites e apenas vai engrossar as estatísticas, seu corpinho já virou número.

Queria convidar meia dúzia de vereadores e o Prefeito Ruivo para que ficassem comigo durante 1 hora, apenas 1 horas, semi-escondidos, no trevo do Batista. Não existe um placa orientando para diminuir a velocidade, não tem uma sinaleira, não tem um redutor, nada, aliás, tudo é um incentivo a velocidade. As crianças e todos os moradores dos bairros Ana Bonato, com 1632* habitantes, o décimo bairro mais populoso de Santiago, mais os 818 moradores do Bairro Monsenhor, são obrigadas a atravessarem a pé esse perigossísimo trevo. Em tempos de aulas, então, é um verdadeiro pavor. Os carros e caminhões cortam esse trecho em altas velocidades. Já me dei o trabalho de parar e ficar observando o drama de centenas de crianças, por volta das 12.45 da tarde até 1.30 hora, horário em que elas sobem em grupos para o Isaias. Os pobrezinhos, geralmente filhos de famílias humildes, ficam uns cuidando dos outros, é uma cena horrível, a gente sente dó daquelas indefesas crianças.

Não sei, eu não sou político desses que andam por aí, senão eu daria um jeito de chamar a atenção para o perigo e resolveria esse caos ao meu modo. No momento, sou jornalista, então, escrevo.

Só que ninguém faz nada. Quem está abaixo do pórtico da discriminação, (sim, parece que a cidade só começa a partir dele) um contigente sabidamente pobre, não tem poder de pressão, não são de famílias influentes, então são tratados como gado, gado(?). Não, os donos de gado não os deixam expostos a tantos riscos como os moradores desses 2 bairros esquecidos, infestados de moscas, cheio de casas de prostituição e bocas de fumo.

Ademais, o trevo do Batista é acesso para o terceiro distrito, Florida, Rincão dos Soares, Montealegre, Passo do Rosário, Capão do Cipó...o que faz aumentar ainda mais o fluxo nesse local.

E o COREDE? É tudo uma piada, esses moradores sequer sabem o que é COREDE, pois nesse quem se mobiliza são os setores corporativos organizados do funcionalismo público. Ainda não caiu a ficha das elites que apenas usam esses contingentes como massa de manobra eleitoral. Esse povo não existe, são apenas números, CPFs e Títulos eleitorais.

É óbvio que esse trevo do Batista é muito mais perigoso que aquele ali na frente do Bairro Atalaia. Primeiro, que o bairro Atalaia tem apenas 123 habitantes, é o menor bairro de Santiago. Segundo, não é acesso para outros distritos do interior, como é o caso do trevo do Batista.

Eu não acredito mais em lero-lero, o DENIT não dá, não pode por isso, não pode por aquilo. Ora, eu não sei para que existe o Ministério Público Federal então? É só a câmara, o município, as entidades empresariais, enfim, alguém tomar uma iniciativa, denunciar o caso, pedir intervenção do MP e se o DENIT ficar omisso, arranca-se na Justiça Federal uma autorização judicial para mexer nesse trevo, botar um radar móvel, uma sinaleira, redutores eletrônicos, placas...enfim, é necessário fazer alguma coisa.

E o mais patético, e aí eu fico furioso de raiva quando me veem com desculpinhas, é que todos os municípios de São Luiz Gonzaga para cima, em direção a Passo Fundo, todos, todos, sem exceção, fecharam seus trevos...pronto, terminaram com os acidentes. Eu mesmo, que me acidentei no trevo de São Luiz, recebi uma carta e um pedido para assinar um documento, pois a comunidade estava se mobilizando, e eles conseguiram fechar o seu trevo, que era aberto como o nosso.

É nessas horas que eu vejo a piada política que somos fora de Santiago. Não temos força, não temos grupo de pressão, não temos peso nem para fechar um trevinho medíocre. Só vivemos para nós mesmos, acreditando nas mentiras que uns contam para os outros sobre nosso peso político. Lamento que a MÔNICA LEAL esteja anunciando que vai deixar a política, senão ela resolveria essa questão com seu tradicional empenho e boa vontade, afinal é só isso que basta para resolver um problema tão simples.


Coisa triste tudo isso que eu estou vivendo, vendo e entendendo.


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* Eu não tenho os dados recentes do IBGE. Meus dados são do censo anterior.
A MÔNICA LEAL É UMA FORÇA DE EXPRESSÃO FANTASMAGÓRICA QUE FUNCIONA MUITO BEM PARA CUTUCAR A INOPERÂNCIA SANTIAGUENSE.