Um jovem companheiro de jornada ligou-me, hoje pela manhã, mostrando-se preocupado com a perspectiva de vitória do substitutivo Aldo Rebelo sobre o código florestal.
Ontem, pela manhã, a Eliziane havia me enviado um e-mail, com os projeções folgadas de vitória dos aliados de Aldo Rebelo.
Eu sou maduro o suficente para entender que os compromissos de um homem e de uma mulher não se esgotam numa eventual vitória eleitoral ou parlamentar. Tenho ampla convicção de que esse projeto do Aldo Rebelo vai apenas ampliar o mortícinio da natureza, ampliando as agressões e os vilipêndios ao meio ambiente. Minha posição não vai mudar diante de uma irracionalidade desenvolvimentista. Assim o foi diante daquela grande avalanche de monoculturas de exóticas no bioma pampa. Não tive medo de enfrentar o isolamento e de defender sozinho uma posição na qual eu acreditava, mesmo contra a imprensa, contra a academia e contra as vozes mais expressivas de nossa sociedade, inclusive meus amigos.
Os políticos imediatistas, que pensam somente no hoje e no voto, que não têm posições firmes e decididas, sempre vão na onda, surfam na falácia de uma suposta opinião pública. Seguem o efeito manada. Sei que é muito triste quando assistimos a irracionalidade tomar conta de um povo. Os exemplos na História estão aí, seja na Alemanha nazista, quando uma nação entorpecida e bestializada apoiou maciçamente ao nazismo, seja Itália com o fascismo, seja com o franquismo ou com o salazarismo.
Talvez esse projeto do Aldo Arantes passe mesmo fácil no Congresso. Mas isso vai mudar minha posição? É claro que não, pelo contrário, o dia em que nossos rios forem vilipendiados, o dia em que as agressões exaurirem-se, o dia em que nuvens escuras cobrirem nossos céus ante a falta de perspectivas de voltar atrás na preservação da natureza, só aí veremos onde chegou a irracionalidade.
Eu não penso em agradar políticos populistas, não penso no meu egoísmo, pois sei bem que seria mais cômodo minha omissão, mas penso nas crianças, na minha filhinha e nos bebezinhos como ela, que herderão uma terra devastada, rios secos, arreiais e desequilíbrios ambientais.
Como eu sei que a Vida é um ciclo, que tudo se desintegra, sei que meu corpo também vai se desintegrar, que eu vou morrer, que eu deixarei de existir um dia...talvez até nem veja os reflexos dessa catástrofe anunciada com esse crime lesa-natureza que os políticos vão perpetrar ao aprovarem esse projeto Aldo Rebelo, mas dói-me saber que minha filhinha ficará sozinha num mundo cruel, num ambiente destruido e enfrentando consequências imprevisiveis.
Conforta-me apenas o fato que ela saberá que lhe dei amor e que não fui omisso, assumindo meu compromisso perante a História. Isso é o que ficará.
Escrevi esse breve artigo pensando nas crianças, no futuro e respondendo à campanha de boicote deflagrada em cima dos meus anunciantes. Eu entendo as agressões, mas nada me demoverá em minhas posições nesse caso. Aqui é a natureza que está em xeque, é o futuro e aqui não há como ceder. Meu compromisso é com a História e a História me absolverá.