quarta-feira, 18 de maio de 2011

Chefe do Escritório do IBGE contradiz o blog

Ao acessar teu blog, deparei com a matéria "Pensar Santiago", onde você faz uma breve análise sobre alguns temas econômicos e demográficos do nosso município , e, como servidor público representante do IBGE, Entidade responsável pela realização dos Censos Demográficos e Contagens Populacionais, venho por meio desta fazer algumas considerações especificamente na questão demográfica, com a intenção de esclarecer aos teus leitores, com as seguintes informações:

1.O Censo Demgráfico realizado no ano de 2000, finalizado em novembro daquele ano, apontou uma população de 52.138 habitantes, sendo que estavam incluídos neste número 2.198 habitantes que pertenciam ao novo município de Capão do Cipó o qual foi instalado em 01 de janeiro de 2001. Assim sendo, com a cedência de 2.198 habitantes para o novo municípo, a partir de 01/01/2001, Santiago passou a ter 49.940 habitantes, a partir de 01/01/2001;

2.Na Contagem Populacional realizada no ano de 2007, agora como o município de Capão do Cipó já desmembrado, a população de Santiago foi de 49.558 habitantes;

3.No último levantamento realizado em 2010, a população foi de 49.071 habitantes.

Entendo que há um equívoco na tua análise, pois ela é feita com base na população em relação ao número de eleitores inscritos, quando o correto é fazer em relação ao comparecimento dos eleitores ás urnas, pois estes encontravam-se em Santiago no dia das eleições, conforme quadro abaixo:

Resultados do IBGE: Números do TRE/RS:
Censo de 2000: 52.138 hab (Capão do Cipó incluído) / Eleitores Aptos: 35.661
Comparecimento: 29.875
Abstenção: 5.786 (16,23 %)

Contagem Populacional 2007: 49.558 hab   /    Eleitores Aptos:  37.968 
Comparecimento: 30.795
Abstenção: 7.173 (18,89 %)
 
Censo  Demográfico de 2010: 49.071 hab      /     Eleitores Aptos: 38.781
Comparecimento: 30.803
Abstenção: 7.978 (20,57 %)

Diante dos números acima apresentados, os dados do Tribunal Regional Eleitoral do RS ratificam plenamente os números encontrados nos levantamentos feitos pelo IBGE, pois embora o número de eleitores aptos tenha aumentado entre os anos 2000 a 2010 em 3.120 eleitores (8,7 %) a abstenção passou de 5.786 para 7.978 eleitores, ou seja, um aumento na abstenção da ordem de 37,9%, indicador este que nos permite concluir a existência de migração de pessoas para regiões industrializadas.

Outro fenômeno, este de abrangência mundial, que contribui para a estagnação e redução da população, é a queda significativa da taxa de natalidade, pois no caso específico de Santiago a queda no mesmo período (2000 a 2010), foi de 23 %, pois no início da década nasceram em Santiago 730 crianças, enquanto que no último ano nasceram apenas 562 crianças.

Como pode perceber não se trata de um caso raro como afirma na tua nota, trata-se de uma situação perfeitamente normal e compreensível, e, espero que com estas informações possa entender melhor a situação demográfica de nosso município.

Atenciosamente.
João Pedro Perufo
Chefe da Agência do IBGE/SANTIAGO
(55) 3251-2268
joao.perufo@ibge.gov.br

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Nota do blog


 Democraticamente, publico a posição do Chefe da Agência do IBGE, mas não concordo em nada com ela, pois o mesmo raciocínio da queda da mortalidade infantil pode se aplicar a Bento Gonçalves, por exemplo, e isso não impede o aumento da população; e nem existe uma relação mecânica da estagnação ou redução populacional com as quedas de mortalidades infantis, embora ela seja um fator. O que eu disse no meu texto, é que para nós, que invocamos à condição de sermos um polo regional, a situação é complicada, embora os indicadores sociais favoráveis, do ponto de vista econômico, não conseguimos romper o conservadorismo tradicional afeto a um modo de produção e forças produtivas arcaicas. E ainda citei que - embora tenhamos matéria-prima local abundante, couro, carne, lã, grãos..., não conseguimos gerar entornos produtivos.

Da mesma forma, discordo da afirmação de "que há um equívoco na tua análise, pois ela é feita com base na população em relação ao número de eleitores inscritos, quando o correto é fazer em relação ao comparecimento dos eleitores ás urnas, pois estes encontravam-se em Santiago no dia das eleições...". Ora, se a discussão for levada para esse viés, virará um imbróglio sem fim, pois jamais vamos poder dimensionar o impasse e as razões pelas quais uns comparecem às urnas e outros não. Sensato, ao meu modo de ver, é que as pessoas - por razões que só elas sabem - preferem permanecer com o título eleitoral em Santiago, mesmo não mais residindo aqui e esse entendimento só se justifica em cima do número de eleitores inscritos, embora essa tese conspire. Mas essa é uma discussão bem interessante e que precisa ser feita.