terça-feira, 3 de maio de 2011

A encruzilhada da humanidade entre Cristo e Maomé longe de Deus

Cristo loiro, estilizado, ocidental
Hoje, 4.40 da manhã terminei meu último texto. A Nina devia tirar sangue no laboratório Tuiti às 7.00 e apenas estendi as pernas no sofá e fiquei acordado, esperando pelo despertar da Lizi, previsto para às 6.30.

Tantos textos, tantas leituras nas diferentes versões da mídia ocidental-dominante sobre o assassinato de Bin Laden. Caio numa profunda introspecção, sofro com o que vejo. Sinto-me deslocado.

Os avanços científicos e tecnológicos de nossa era, ao invés de conduzirem o mundo para um processo de liberdade, de paz, de luzes, conduzem tudo para o mais cruel obscurantismo. Vendo a Nina, sentada em sua cadeirinha (atada, aliás) enquanto me dirijo ao Laboratório, ante os olhos pruridos e ardentes, sinto-me negativista, sem fé no futuro e sem sonhar perspectivas de paz. Sou ocidental, mas vivo em descompasso com o ocidente. O conflito cristão x islã vai recrudescer. As cenas de jovem americanos festejando a morte de Osama Bin Laden demonstram bem o espírito de vingança que paira no mundo. De nada adianta o combate aos supostos barbarismos dos guerreiros do islã, se agimos do mesmo jeito, até pior na medida em que fomentamos o terrorismo de Estado. Eles são o terrorismo de grupos e células.

Maomé e o Alcorão
Em nome de Cristo, fazemos tudo o que Cristo condena. Condenando Maomé, fazemos tudo o que Maomé prega.

Do cerco de Viena, ao meu ver o mais clássico exemplo de um conflito entre dois "mundos", duas vivências, duas culturas distintas, até o atentado ao WTC e o assassinato de Bin Laden, nada mudou. Doravante, todos os discursos da lógica cristã e ocidental, será tratar os islâmicos como sinônimo de diabólicos e o imperialismo americano e europeu continuará massacrando, espoliando, roubando, matando, oprimindo o mundo árabe, com seu domínio tecnológico, científico, "cultural" e "civilizado".

Quando eles esboçam alguma reação contra nossa dominação, no desespero fatal para chamar a atenção do mundo para a espoliação cristã e ocidental nos países islâmicos, armamo-nos de discursos evangélicos, pudorentos, biblícos e tudo mais, condenando a reação dos oprimidos. Não os tratamos com dignidade, nos os tratamos como irmãos e nem como filhos do mesmo Deus. Pelo contrário, queremos impor a eles o nosso Deus, o nosso modo de vida, os nossos valores, o nosso Cristo estilizado, renascentista e de olho azul.

O que mais revolta é que somos uma sociedade bestializada, não lemos, raríssimas pessoas em nossa sociedade sabem o que realmente acontece com os palestinos e como se dá a espoliação européia e americana sobre suas cabeças, o opressão a que os EEUU os submetem, e ficamos apenas repetindo as notícias manipuladas com a versão que as agências desses países dominantes nos apresentam. E estufamos o peito, em nossa santa ignorância, apresentando até bandidos locais como paradigmas de mártires, como se os heróis e a luta deles não tivessem sentido nenhum para nós e como se eles fossem bandidos que praticam o banditismo pelo banditismo.

O que poucos de atentam é que esse conflito cristão x islã tem muitos vieses. Um deles, é a manutenção do status quo de uma oligarquia ocidental que precisa do conflito, seja para manter a indústria bélica em alta, suas pretensões de dominação sobre os povos do planeta e o incremento do domínio científico e tecnológico.

O que poucos atentam é que nesse conflito cristão x islã, rasgamos os pressupostos da doutrina cristã. Jesus Cristo jamais apoiaria essa carnificina. Rasgamos o diálogo, rasgamos as tentativas de paz em busca de uma reeleição, rasgamos a paz um nome do controle dos poços de petróleo árabes.

O que eu tenho dito pode parecer um grande absurdo, mas eu insisto. Enquanto Cristo e Maomé não buscarem a Deus o mundo seguirá sua destruição, a matança, as guerras e viveremos um eterno tormento, um eterno conflito. A paz mundial precisa de uma alternativa, onde os Cristãos precisam reconhecer que Cristo não é a verdade absoluta e os islâmicos precisam reconhecer que Maomé não é a verdade absoluta. Ambos são verdades relativas e ambos precisam dar as mãos para chegarem a Deus.

Deus, um sonho impossível de paz enquanto Cristãos com Cristo lutarem contra islâmicos com Maomé
Essa é a pior encruzilhada da humanidade.