quarta-feira, 18 de maio de 2011

"Não há motivo para censurar a obra", diz ministro da Educação

Haddad será convidado a comparecer a audiência pública no Senado para debater o livro com frases que contrariam a norma culta.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que não há motivos para censurar a obra “Por uma Vida Melhor”, da Coleção Viver, voltada para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). O iG revelou na semana passada que em um capítulo o livro admite erros de concordância como “nós pega o peixe” na linguagem oral. Em outro trecho, os autores afirmam que os estudantes podem falar “os livro”.

Haddad disse em entrevista à rádio CBN que os exercícios propostos pelo livro em questão partem da forma como os alunos falam para ensinar a usar a norma culta. “Estamos envoltos em uma falsa polêmica. Ninguém está propondo ensinar o errado”, defendeu.


Segundo o ministro, a educação tem que fortalecer os vínculos com a norma culta, para que o estudante possa fazer o melhor uso da linguagem para se comunicar, em diferentes situações.

Haddad destacou que o processo de escolha dos livros didáticos é feito por educadores e não tem “ingerência governamental”. As obras enviadas ao Ministério da Educação (MEC) são entregues para comissões avaliadoras, formadas por professores de universidades federais. Após a aprovação, os livros são apresentados em um guia às escolas que escolhem o material didático.

Heloisa Ramos, uma das autoras de “Por uma Vida Melhor”, afirmou em entrevista ao iG que a proposta da obra é que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, em vez de reprimir aqueles que usam a linguagem popular.

“Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual”, disse.

Fonte: iG